quinta-feira, 5 de setembro de 2019

LONA




O que me desanima são os comentários.

Ei, espera, volta aqui, eu sei, você já leu esta frase, mas este é outro post.

Se bem que, em tese, sobre o mesmo, a mesmice, a repetição, o lugar e senso comum, a chatice. Ou até descalabro. Hoje está em voga: esdruxulo.

Este blog tem um único compromisso: desopilar o seu redator, embora nunca soube o que isto quis dizer exatamente. De novo, os que me leem já algum tempo sabem que não se aproveita nada daqui. Tipo do discurso enviesado, com a explícita intenção de dizer o rigorosamente oposto.

Vamos ao post.

Comentário extraído hoje de uma crônica em jornal digital:

“A preocupação com as expressões e opiniões do presidente contra isso ou aquilo, contra este(a) ou aquele(a), alimenta a mídia egocêntrica. O presidente veio para isso mesmo, mudar o que deve ser mudado, mexer onde deve ser mexido. A insatisfação é porque ele veio e está fazendo tudo que o politico bonzinho não ia fazer, mexer em tudo e dar uma volta por cima no brasilzão abandonado. A crítica quanto a tudo que o homem faz é fruto da desejada mesmice, da desejada deixa como está para ver como é que fica. Todos falavam em reformas, em mudanças e tal, quando elas vem a grita é geral. É incrível.”

Se o presidente conseguir concluir o mandato, serão quatro anos de um inestimável serviço ao país: a explicitação da barbárie, da ignorância e da truculência predominante.

Este presidente é de uma pureza acachapante. Ele age e reage seguindo seus instintos primários. Ontem ouvi um repórter dizer que o presidente não sabe da liturgia do cargo. Fico imaginando a reação do mandatário: “Liturgia? Isso é coisa de veado ou de esquerdopatas!”

Esse cara é outra coisa, não tem nada a ver com o que quase sempre esteve exposto. Ele não está sentado em uma cadeira institucional com seus ditames protocolares e etiquetas transnacionais. Ele é franco-atirador.

Ele não representa nenhuma lógica ideológica, religiosa, moral, partidária encontrada nos livros mais complexos da sociologia tradicional ou contemporânea. Ele fala por si e foda-se o mundo!

Na nossa tragicomédia não poderia faltar um personagem tão rico, quanto o atual presidente da respública. Assim mesmo: res, com o sentido de próximo, portanto próximo do público, do povo.

Ele é a nossa melhor representação até aqui, embora possa melhorar muito ainda. Ele consegue incorporar toda a nossa história não resolvida de um passado remoto e de um passado recente e está preso a eles com uma convicção doentia. Tudo que está aí, para ele, resulta do passado feito “por eles”. Sua missão carregada no nome é limpar a história e fincar um marco: Brasil antes e depois de mim.

Só que o mundo não tem mais graça para os loucos varridos. Logo logo eles perdem sua comicidade e tendem ao ostracismo.

Uma pena, enquanto duram a gente se diverte tanto! Afinal que papel ocupamos na tragicomédia, senão de plateia.

De um circo. Às vezes, de horrores, é claro.


Até breve.

2 comentários:

  1. Agulhô, eu fico pensando e ávido por entender como a história interpretará esses tempos. Faço parte de uma minoria, que aos poucos se torna maioria,que fica incrédula a cada entrevista. Não tenho como discordar, ele é o personagem brasileiro "cuspido e escarrado", que pena!
    Aproveito o ensejo para indicar o filme Bacurau. Super atual, futurístico, tragicômico e verdadeiro ao mesmo tempo. Indiquei à Valesca, mas por lá não chegou, ainda.

    Abraço

    Serginho

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  2. Estive pensando no título do filme (devo assistí-lo no final de semana), misturando as letras da palavra. Quase deu URUCUBACA. É mais ou menos como estar na LONA.
    Valesca não mora em Lages, mas em Longes, como diz o Vlad. Abraço, querido.

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