sábado, 3 de agosto de 2019

ZIQUIZIRA




“O único jeito de falar a minha verdade e deixar a sala tensa é mostrar minha raiva. Eu sinto raiva e tenho todo o direito de sentir. Não tenho direito é de espalhá-la.”
(Hannah Gadsby)

Lembra-se de minha fixação por horóscopo? Pois é. Leia o de hoje:

“Hoje é um dia tão cheio de potencialidades que tu precisas tomar cuidado para que não chegue ao fim e tu ainda estejas com a alma tomada de questionamentos sobre que escolha fazer. Melhor fazer uma escolha errada e o reconhecer na prática do que passar o tempo sem fazer nada, com medo de escolher errado. A vida é generosa e graciosa, se tu não acertas hoje, mas continuas persistindo na busca criativa de construir uma experiência satisfatória, que imprima influência no mundo, não haverá nada nem ninguém que possa deter teu progresso. A única atitude que não deves tomar, porque iria contra tuas aspirações, é a de ficar pensando e sentindo mundos maravilhosos sem nunca te atrever a colocar em prática sequer uma fração da riqueza de tua vida interior. Melhor errar e fazer do que cometer o equívoco de nada fazer.” (Quiroga, no Estadão de hoje).

Na verdade eu nunca consigo ficar sem fazer nada. Na maioria das vezes me sinto vivo e isso já me dá um trabalho danado. Quanto à influência no mundo, um ou outro de meus netos tem sido vitimado pelas minhas idiossincrasias. Coitados!

Minha riqueza interior, isto me dá calafrios. Ninguém que vive em minhas entranhas sabe, exatamente, que ouro ou lata de refugos purula em minhas veias. Eu, às vezes, tenho verdadeiro pavor do que sinto. Que penso então, nem se me fale.

Uma amiga-irmã insiste que padeço, como ela, de pensamentos sórdidos. Amizades muito longas e profundas dão nisso. O direito de o outro lançar suas projeções sobre nós.

Sórdido, eu? Sempre que ela diz isso, me pergunto se já não deveria ter excluído a infeliz do meu rol, mais do que restrito de amizades, ou desaguado sobre ela todo o melhor da minha sordidez.

Caramba, mas não era sobre isto que eu queria falar. E agora já nem me lembro muito bem do que era. Ah, sim, de terminar o dia com a sensação de não ter feito nada.

E da raiva e do direito de destilá-la.

Raiva? De jeito nenhum. Eu não sinto raiva de nada, sou um sujeito mais do que brando, pacífico, contemporizador, uma dama.

Mas, TAQUIPARIU, para tudo o que está aí.

Onde? Que cada um procure sua raiva, motivos não faltam. Só não a destilem sobre mim. Ninguém suporta tantas.



Até breve. 

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