Uma
meia-dúzia de três ou quatro amigos sempre me consulta por que eu ainda não
editei um livro. Certa vez respondi: “quem
sabe aos setenta?”.
Pois
é, nunca estive tão próximo de chegar aos setenta como agora. Claro, tudo pode
acontecer até lá, mas ressalvadas as maledicências (que estou certo não
existirem), aos setenta eu devo chegar.
Confesso
que já nutri inúmeras vezes o desejo de me ver em prateleiras de livrarias ou
em sebos, mas comichão posto de lado antes que o mesmo virasse corpo no cio.
Vou
morrer achando que não tenho jeito pra coisa. Sou preguiçoso para exercícios de
folego, tipo duzentas ou trezentas páginas. Há duas semanas não vou a esteiras
para enrijecer músculos. Imagine a folhas de papel para drenar meus espíritos.
Portanto,
a resposta é não. Ou, tudo bem, por enquanto. Não.
Até
porque escrever o quê, sobre o quê, para quê?
Poderia,
por exemplo, mergulhar numa análise criteriosa do período que cobri em STALO, o
post recente em que me embrenhei selvagem na puslítica nacional pós-guerra.
Ora,
pois pois, taí um tema que eu só curto. Num há a menor chance de eu perder
tempo mais com esse troço. Primeiro
porque embrulha o estômago, corrói o fígado, dilacera o coração e enfraquece o cérebro.
Não,
puslítica tá fora de cogitamentos. Só um post aqui outro ali e, mesmo assim, de
stalo.
Um
romance. Não. Prefiro vivê-lo a escrever sobre.
Crônicas,
xi, um porre!
Contos,
quem sabe? É, pode ser. Uma coletânea daqueles que editei aqui enxertada com outros
que dormem em gavetas. Não, vale a pena não.
Espera,
mas me ocorreu uma ideia que talvez me mobilize até os noventa. Escrever uma
bíblia.
De
stalo em stalo eu vou preenchendo o absurdo.
Como
o personagem de Borges em sua obra O Imortal, na eternidade me colocarei em um
buraco qualquer onde estarei por setenta anos. Ou mais.
Escrever
pra quê?
Até
breve.
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