sábado, 8 de junho de 2019

ALENTO





- Pô, Agulhô, peraí sô... Num tem notícia boa?

Da invenção da prensa de Gutemberg ao primeiro jornal impresso diário, na Alemanha, passaram-se duzentos anos. Do telégrafo, pioneiro em transmissão de informações por ondas, até a popularização da televisão, mais cem anos. Do surgimento da internet comercial até a revolução da TV sob demanda, não foram nem vinte anos. A próxima grande onda virá com a internet 5G, que vai mudar os conceitos de velocidade e comunicação, em menos de quatro anos.

No Brasil, o forte anseio da população por mudanças na política e na qualidade dos serviços públicos exige mudanças nas formas de governar.

Felizmente, os brasileiros deixaram para trás um tempo de obscurantismo ideológico que impedia que o setor público fizesse parcerias com o setor privado para trazer investimentos e inovação na atividade pública.

O governo de São Paulo acaba de anunciar um ambicioso plano para modernizar a gestão da rádio e TV Cultura. O objetivo é desenvolver novas plataformas, formas de financiamento e produtos para a melhor e mais bem-sucedida televisão pública do Brasil.

A TV Cultura completa cinquenta anos em 2019, e com boas razões para comemorar. Mais de quatrocentos prêmios nacionais e internacionais conquistados, reconhecimento da crítica e aprovação do público são testemunhos do acerto nos caminhos da TV Cultura, com autonomia intelectual, política e administrativa.

E o objetivo é claro: melhorar a oferta de serviços, incentivar a atração de novas tecnologias e adotar modelos de gestão mais eficientes em que o principal beneficiado será sempre o telespectador.

A TV Cultura sempre foi dirigida por quem pensava à frente do seu tempo. Além do compromisso permanente com a qualidade, duas outras tradições construíram esta grande televisão pública: o apreço pela inovação e o tratamento especial a um tema estratégico para o Brasil, a educação. Torço para estarmos começando, agora, um novo modelo de gestão para um novo tempo. Criando uma televisão nova, alimentada pela paixão, pela informação e pela educação.

A revolução digital impôs a todos os meios de comunicação, no mundo inteiro, a necessidade de mudar para sobreviver.

Quanto mais a digitalização e as novas tecnologias avançam, mais se ouve dizer que a televisão está em crise. Não é crise, é oportunidade.

Modelo de TV pública, a gigante BBC de Londres tem hoje um departamento batizado de Future Media, responsável por toda a sua produção digital e o desenvolvimento de novas tecnologias. A PBS americana, outro modelo consagrado, mas distinto, tornou-se bastante conhecida entre nós por ser a criadora do Vila Sésamo, sucesso mundial e referência em programas educativos para o público infantil desde o fim da década de 1960. Hoje, a PBS é uma distribuidora de programação entre as emissoras afiliadas, com importante produção própria e retransmissão de outros produtos de alta qualidade, inclusive da BBC e dos canais britânicos ITV e Channel 4.

Afinal, sim, uma boa notícia. Ainda que alguém aí possa estar pensando: “Pô, Agulhô, no gráfico de audiência do IBOPE ela não passa de um traço”.

Que seja um traço de resistência ao obscurantismo.



Até breve.

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