- Pô,
Agulhô, peraí sô... Num tem notícia boa?
Da
invenção da prensa de Gutemberg ao primeiro jornal impresso diário, na
Alemanha, passaram-se duzentos anos. Do telégrafo, pioneiro em transmissão de
informações por ondas, até a popularização da televisão, mais cem anos. Do
surgimento da internet comercial até a revolução da TV sob demanda, não foram
nem vinte anos. A próxima grande onda virá com a internet 5G, que vai mudar os
conceitos de velocidade e comunicação, em menos de quatro anos.
No
Brasil, o forte anseio da população por mudanças na política e na qualidade dos
serviços públicos exige mudanças nas formas de governar.
Felizmente,
os brasileiros deixaram para trás um tempo de obscurantismo ideológico que
impedia que o setor público fizesse parcerias com o setor privado para trazer
investimentos e inovação na atividade pública.
O
governo de São Paulo acaba de anunciar um ambicioso plano para modernizar a
gestão da rádio e TV Cultura. O objetivo é desenvolver novas plataformas,
formas de financiamento e produtos para a melhor e mais bem-sucedida televisão
pública do Brasil.
A
TV Cultura completa cinquenta anos em 2019, e com boas razões para comemorar.
Mais de quatrocentos prêmios nacionais e internacionais conquistados,
reconhecimento da crítica e aprovação do público são testemunhos do acerto nos
caminhos da TV Cultura, com autonomia intelectual, política e administrativa.
E
o objetivo é claro: melhorar a oferta de serviços, incentivar a atração de
novas tecnologias e adotar modelos de gestão mais eficientes em que o principal
beneficiado será sempre o telespectador.
A
TV Cultura sempre foi dirigida por quem pensava à frente do seu tempo. Além do
compromisso permanente com a qualidade, duas outras tradições construíram esta
grande televisão pública: o apreço pela inovação e o tratamento especial a um
tema estratégico para o Brasil, a educação. Torço para estarmos começando,
agora, um novo modelo de gestão para um novo tempo. Criando uma televisão nova,
alimentada pela paixão, pela informação e pela educação.
A
revolução digital impôs a todos os meios de comunicação, no mundo inteiro, a
necessidade de mudar para sobreviver.
Quanto
mais a digitalização e as novas tecnologias avançam, mais se ouve dizer que a
televisão está em crise. Não é crise, é oportunidade.
Modelo
de TV pública, a gigante BBC de Londres tem hoje um departamento batizado de
Future Media, responsável por toda a sua produção digital e o desenvolvimento
de novas tecnologias. A PBS americana, outro modelo consagrado, mas distinto,
tornou-se bastante conhecida entre nós por ser a criadora do Vila Sésamo,
sucesso mundial e referência em programas educativos para o público infantil
desde o fim da década de 1960. Hoje, a PBS é uma distribuidora de programação
entre as emissoras afiliadas, com importante produção própria e retransmissão
de outros produtos de alta qualidade, inclusive da BBC e dos canais britânicos
ITV e Channel 4.
Afinal,
sim, uma boa notícia. Ainda que alguém aí possa estar pensando: “Pô, Agulhô, no
gráfico de audiência do IBOPE ela não passa de um traço”.
Que
seja um traço de resistência ao obscurantismo.
Até
breve.
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