Recebi
de uma amiga o vídeo acima.
Não
concebo a possibilidade de alguém que o assista e não experimente a sensação de
mais profunda dor, indignação e, sobretudo, imensa preocupação.
Vivêssemos
no seio de uma sociedade sadia, a divulgação deste vídeo seria suficiente para
resultar numa ação generalizada de todos para que pudéssemos extirpar, de vez,
a repetição de fatos como esse.
Não,
a banalidade do mal é de tal monta e expressão que a epidemia que grassa não
nos sensibiliza mais. Incorporou-se à paisagem da nossa bestialidade visceral e
cada um desses episódios, mais do que corriqueiros, reduzem-se às estatísticas.
Não
há conflito no planeta, por mais torpes e cruéis que sejam os motivos que os desencadeiam,
que cobre tantas vítimas humanas como a nossa violência cotidiana.
Na
mente trumpulenta americana, mesmo que em blefe, foi abortado recentemente um
contra-ataque ao Irã tento em vista a possibilidade de ceifar a vida de 150
pessoas inocentes, o que corresponde a menos de um dia de produção de
cadáveres brasileiros vítimas da nossa endêmica epidemia.
Matamos
mais de 60 mil pessoas por ano, somos a sociedade mais assassina do planeta.
Ninguém é mais violento, mais cruel, mais omisso, mais vil, do que cada um de
nós brasileiros.
Há
muito tempo sabemos e convivemos com essa tragédia civilizatória.
Estava
no aeroporto ontem à noite, em retorno de viagem a trabalho, quando recebi o
vídeo e, de lá para cá experimento sentimentos difusos e intensos. Minha
tristeza é infinita e sinto uma vergonha íntima que faz doer minhas entranhas a
ponto de não ter coragem de me olhar no espelho.
Minha
impotência é daninha.
Junto
a ela os equívocos dramáticos de quem se espera cuide daquilo que nossa
combalida constituição assim o determina. No bojo das ações e decretos fica
translúcida a nossa tragédia: que cada um se arme e se defenda.
Meu
Deus, senhor de toda e qualquer potência, não me faça crer que somos os
primeiros protagonistas históricos da cena apocalíptica.
Até
breve.
OBSERVAÇÃO: Hoje recebi um pedido do Vlad, meu filho, para que eu retirasse o vídeo. Acato o pedido, mas mantenho o texto. As imagens contempladas no vídeo, em si, não serão tão dificeis de serem imaginadas por aqueles que não o assistiram.
OBSERVAÇÃO: Hoje recebi um pedido do Vlad, meu filho, para que eu retirasse o vídeo. Acato o pedido, mas mantenho o texto. As imagens contempladas no vídeo, em si, não serão tão dificeis de serem imaginadas por aqueles que não o assistiram.