Embora
tenha pré visto não gosto nada do que vejo na cena presente.
A
cada crise, um militar no governo.
Se
por um lado (positivo) cole no presidente a imagem de campanha de que ele se
cercaria de pessoas de ilibada conduta - os militares gozam dessa impressão -
por outro (negativo), excluir do caminho da governança a raça política é criar,
na essência, crise institucional.
Não
há Política sem Políticos. Exceto nos governos de exceção, próprios do milênio
passado, quando haviam porões onde se tramavam atos institucionais.
O
mundo é outro. Caiu na rede você está morto.
Se
quiser avançar na previdência o presidente terá que ser pré vidente, ou seja,
ter visão de consequência política. Há uma lógica perversa na química democrática:
você não governa sozinho com sua trupe.
Ontem
o governo experimentou o efeito do corolário acima. Exceto aliados de seu
próprio partido, ainda que já partido, votaram contra projeto de lei.
Agravar
a crise parece sinal de competência, daqueles que não precisam de inimigos para
serem derrotados. A declaração do vice-presidente de que, como o projeto de lei
foi encaminhado por ele, não passou porque o congresso não gosta dele. Tivesse
sido o presidente, passaria. Tiro de canhão no pé.
Temo
pelos dois pilares que sustentam a estratégia: a administração e a justiça.
Dois homens de conceituada capacidade, mas sem experiência nos meandros do
poder que decide, possam (pelo árduo processo de aprendizagem) cansar a ponto
deles abdicarem de seus propósitos mais do que legítimos.
O
Ministro Moro ao encaminhar em separado projetos relacionados a medidas de
segurança e contra o crime organizado daquele que penaliza o Caixa Dois dá
outro sinal evidente de falta de manha politiquenta.
Pensaram
os legisladores: “Caramba, nos colocaram numa sinuca de bico?”. Adoro Nelson
Rodrigues e não vou me cansar de citá-lo: “O óbvio que escandaliza”.
Se
o governo não entender o básico, tenderá a buscar a administração por decreto.
Não sei se ainda existe o programa humorístico da Globo. Se sim, ele terá
matéria vasta para pintar a zorra total.
E
o Brasil? Ora esperemos, somos o país do futuro.
Até breve.
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