Isto é a vida real?
Isto é apenas
fantasia?
Soterrado num
deslizamento
Sem saída da
realidade
Abra seus olhos
Olhe para o céu e
veja
Mas eu sou apenas
um pobre menino
Eu não necessito de
nenhuma simpatia
(fragmento da letra
de Bohemian Rhapsody)
Êxtase! Puro êxtase!
A exuberância da sétima
e perene arte: ah, o cinema!
Com cinco indicações
para o Oscar de 2019, Bohemian Rhapsody é uma celebração exuberante da banda de
rock Queen, sua música e seu extraordinário cantor principal Freddie Mercury,
que desafiou estereótipos e quebrou convenções para se tornar um dos artistas
mais amados do planeta.
O filme mostra o sucesso
meteórico da banda através de suas canções icônicas e som revolucionário, a
quase implosão quando o estilo de vida de Mercury sai do controle e o
reencontro triunfal na véspera do Live Aid, onde Mercury, agora enfrentando uma
doença fatal, comanda a banda em uma das maiores apresentações da história do
rock.
Durante esse processo,
foi consolidado o legado da banda que sempre foi mais como uma família, e que
continua a inspirar desajustados, sonhadores e amantes de música até os dias de
hoje.
Assistir
aos 132 minutos de projeção na telona de Bohemian Rhapsody é experimentar
sensações inenarráveis. A grandiosidade da lenda que o filme retrata já seria
suficiente para mobilizar o expectador.
No meu caso, não foi pela
biografia de Freddie que me arrebatei, mesmo porque Freddie Mercury faz parte
da galeria dos artistas eternos e não precisaria de nenhum tributo a mais para
elevar a importância de sua passagem pelo showbiz.
A intensidade da emoção
que experimentei está no filme em si enquanto obra de arte, na sequência
vertiginosa até a cena final apoteótica tanto quanto a carreira de quem o
enredo busca retratar.
Rami Malek, o ator que
faz Freddie Mercury no filme, não precisa de nenhuma demonstração de maturidade
artística a mais. Ele conseguiu dar a dimensão da genialidade, dos dramas
internos, da solidão profunda, da voluptuosidade sexual do astro.
Um ator assim é uma
preciosidade que, embora não se compare em grandeza ao quilate de quem
protagoniza, torna-se também um clássico. Sua interpretação dá ao filme a
indispensável magnitude do ser humano ímpar que foi Freddie.
O processo de criação da
banda, os bastidores das composições, os conflitos internos, cenas que vão
ficar na memória de cinéfilos os mais exigentes. A cena (longa) em que Freddie
vai ao encontro de sua ex-esposa que havia o procurado para dizer dos desatinos
dele e é filmada sob uma chuva torrencial é impagável simbolicamente, como se
ali Freddie estivesse sendo “lavado” de seu passado, encontra a sim mesmo e vai,
na sequência, retomar a banda e realizar Live Aid.
Outra cena, a do
reencontro dos integrantes da banda, em que Freddie diz que individualmente nem
ele próprio alcançaria o êxito pode ser usada em programas de desenvolvimento empresariais
para que executivos compreendam de vez o que é uma equipe de alta performance.
Vou ficar eternamente
grato à Bohemian Rhapsody.
Até breve.
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