Foi
assim num mais que de repente. Nada de muita pesquisa, fontes de erudição,
interesse pelo hipermoderno, coisas que tais.
Foi
assim por desses acasos fortuitos de que pela Vida nos acomete. Fa, minha nora
do primeiro, no 25 de dezembro último, disse me passando um livro:
-
Agulhô, dê uma olhada, acho que você vai gostar.
Sofro
de compulsão exacerbada e mesmo que continuando na roda de conversa em família,
passei a folhear o livro e... zupatz!!!
-
Gisus, quêquêéisso?????
Pois
então, depois disso num fui o mesmo.
Podem
acreditar, embora não pareça ao longo da vida eu li à beça. Muito e de tudo e
de todos. É verdade que se me pedirem para falar algo sobre qualquer deles é
capaz de eu misturar uns aos outros ou “inventar” que foi dali que eu bebi,
essas sandices.
Desde
sempre achei que saber deve servir.
A
Estetização do Mundo – Viver na Era do Capitalismo Artista(*), do filósofo
Gilles Lipovetsky e do professor de literatura e crítico de arte Jean Serroy, é
um livro que serve.
Nutre,
embriaga, eleva e, sobretudo, arrebata.
“A
oferta de todo um conjunto de consumos de maior valor agregado não elimina o
espetáculo da nova pobreza, das cidades sem estilo, dos corpos desgraciosos,
das criações culturais pobres e vulgares, da desculturação dos estilos de
existência. O que se anuncia nada mais é que uma comercialização extrema dos
modos de vida na qual a dimensão estética ocupa, sem dúvida, uma posição
primordial, mas que, apesar disso, não desenha um universo cada vez mais
radiante de sensualidades e de belezas mágicas. No mundo fabricado pelo
capitalismo trasestético convivem hedonismo dos costumes e miséria cotidiana,
singularidade e banalidade, sedução e monotonia, qualidade de vida e vida
insípida, estetização e degradação do nosso meio ambiente: quanto mais a
astúcia estética da razão mercantil se põe à prova, mais seus limites se impõem
de maneira cruel a nossas sensibilidades.”
Com
422 páginas de texto, 33 de Notas e 10 páginas de Índice Onomástico
contemplando perto de 800 artistas de diferentes áreas, pensadores, teóricos e
ensaístas de diferentes disciplinas, o livro a mim causou mais do que O Capital
de Karl Marx. Ou foi Germinal de Emile Zola? Ou terá sido O Muro de Jean Paul
Sartre?
Faço
mesmo confusões romanescas, mas...
Compreender
o tempo presente, mais do que julgá-lo, sorvendo do saber a beleza de estar
vivo, talvez nos torne um pouco menos toscos e idiotas.
Ou
será pelo o quê?
Até
breve.
(*)
A estetização do mundo: Viver na era do capitalismo artista/ Gilles Lipovetsky,
Jean Serroy; tradução Eduardo Brandão. – 1ª ed. – São Paulo: Companhia das
Letras, 2015.
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