Todo ato humano é, em
essência, um ato político.
Mesmo aqueles desesperados,
desassistidos, miseráveis, marginalizados, excluídos, têm por sua existência e
natureza um espaço na cena da polis.
Mesmo inconscientes,
descerebrados, ignorantes, párias, selvagens são membros da polis e, portanto,
atores políticos.
O que se faz é fundir
Política com Poder. Políticos com Instituições. Isto serve a destruir, na
origem, a liberdade do sujeito de ser protagonista na constituição da polis.
Chega-se ao ponto de, dada à
perversão semântica, constituir-se ofensa moral quando se nomeia alguém como “político”.
A tragédia social é
intencionalmente segregatícia. Separam-se os quem têm poder daqueles que
escolhem e se sujeitam ao poder. Política e Povo, como se fossem “entidades”
separadas.
Penso que aqui reside o
maior “mal” da cena: o discurso.
O discurso é intencionalmente
sectário e ditatorial. Alguém exercerá sobre outrem o Poder discricionário.
Mesmo aqueles que têm como papel o estabelecimento das leis, mesmo aqueles que
têm como papel, fazê-las cumprir.
O homem é uma besta,
portanto, precisa ser domado. Premissa civilizatória que sustenta a prática do “bem”,
mesmo que leve à fogueira, milhões de atores refratários. Anexo: Inquisições,
Holocausto, ditaduras de todos os matizes, e assemelhados.
Civilizar passa a significar
lobotomizar o sujeito e coloca-lo à mercê dos ditames daqueles que, independentemente
dos meios, alçam o Poder ainda que supostamente legal.
Estamos no ápice do declínio
da civilização. Mesmo sem lupa, uma olhadela em torno, estampa a barbárie consentida.
A História sempre nos apontou o equívoco.
A Inteligência não tem sido
capaz de construir o Humano no Homem. O discurso configurado como ideário de
propósito (ideologias) nasce fragmentado, partido.
Rompe toda a possibilidade
de harmonização de direitos e deveres, produção e distribuição de riquezas
implicando em subvida e vida digna.
A lógica de todo discurso,
mesmo o libertário, é perversa porque assim como o conservador, mantém na
essência, o libelo da dominação.
O que quer este meu discurso?
Absolutamente nada, apenas referendar os mortos.
O único lugar que nos lembra
de sermos iguais.
Até breve.
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