domingo, 14 de outubro de 2018

SEMSENSO





Não gosto do que se nos avizinha ao Alvorada.

E digo que não gosto, porque ao longo de toda a minha vida não aprendi a odiar, nem a pessoas e nem a realidade. Esta frase me lembra de uma citação que faço em um dos livros que escrevi na juventude e que jamais os publicarei.

“Não se trata de amar ou odiar, mas de compreender. Quem sabe assim a Humanidade poderia ser menos iníqua.” (Niestzche)

Não gosto do que a realidade nos impõe neste momento naquilo que se refere ao processo eleitoral para o Palácio da esperança permanente. Há aqui, também, uma inversão profunda de valores.

O processo, embora legal, é cruelmente ilegítimo. A maioria está sendo desconsiderada o que, sob qualquer prisma, confere-se em um golpe mortal ao conceito essencial de democracia.

A maioria não quer quem está por ser eleito. Não quer nem o candidato A e nem o candidato B. A maioria está gritando: “EleS Não!”

Se somados aos votos brancos e nulos (e parte das abstenções) àqueles dos eleitores que estão escolhendo o candidato A para que o candidato B não vença mais os votos dos eleitores que estão escolhendo o candidato B para que o candidato A não vença, a apuração conferirá um resultado avassalador.

A minoria está escolhendo quem presidirá o país. Nada mais trágico e ilegítimo.

São numericamente inferiores os eleitores de convicção tanto no candidato A quanto no candidato B. Por diferentes razões, mas seja pela qual for, não há convicção, sem temor ou sem ressalvas.

Até mesmo nestes, relativamente ao universo completo de eleitores, numericamente inferiores, não há uma escolha irrestrita.

Busco compreender e confesso tenho sérias dificuldades. O que verdadeiramente nos trouxe a este quadro de equívocos? Por que optamos pela não manifestação pura de nossa vontade? Por que nos omitimos diante de questões tão graves para o presente e para o futuro?

Por que traímos aos nossos mais profundos desejos? Por que escolhemos aquilo que nos exporá à nossa própria verdade? Por que seguimos aos outros que também não querem aquilo que, no fundo, nós também não queremos?

Por que não somos capitães de nossa própria alma? (Ouvi esta frase, dita na primeira pessoa, em um filme que assisti ontem.)

Rogo para que os ilustres legisladores tenham a eleição de 2018 como algo a ser considerado. Que revisem a estrutura dos marcos regulatórios da matéria. Considerar inválida a maioria é, essencialmente, um equívoco determinante para o desconcerto da sociedade.

Talvez o futuro aponte que o equívoco seja meu.

Melhor.


Até breve.

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