Impossível
não relativizar quando se está em outras paragens. Nossa referência é colocada
em cheque quando expostos à outras paradigmas.
Bom
viajar também e/ou, sobretudo, por isto. Entender que não há uma única
configuração para o modus vivendi. É sim possível múltiplas possibilidades na
arquitetura para operar a vida.
Sempre
que saio do país me pego com esta questão óbvia, mas contundente. Nós
brasileiros estamos vitimados pela nossa letargia e nossa história trágica.
Corremos o risco de reeditá-la independentemente da configuração do resultado
das urnas.
Uma
ou outra opção para “derrotar aquele que eu odeio mais”, já nos orienta há
décadas. E sabemos o desfecho: a inércia ou retrocesso.
A
Holanda, de onde vim (Amsterdam e cidades circunvizinhas) ontem para Portugal
(Porto, Lisboa e arredores), depois de seis ou sete séculos aponta na direção
através de seus pintores consagrados pela era de ouro.
Uma
sala no Museu Hermitage sugere o modelo secular de governança, tanto no espaço
público quanto no privado.
As
cerca de quarenta telas afixadas nas quatro paredes, algumas com 15 a 20 m²,
sugerem o modelo que pode ter sustentado o êxito holandês.
Simples:
as decisões eram e ainda são em colegiado. Não há lideranças singulares, todo o
processo é fundado na pluralidade.
Outro
fator, rico, é que o lugar da mulher é preservado como para a administração das
pessoas, por razões óbvias.
Na
saída há uma sala na qual os visitantes podem tirar uma foto. Ao revela-la a
fotografia que surge retrata os visitantes fotografados em conjunto com outros
que já passaram por ali, em poses semelhantes às das telas registradas pelos
pintores.
Belíssima
sugestão.
Fiz
a visita atento às explicações em áudio e, em dado momento, escandalizei-me: os
holandeses embarcaram em esquadras marítimas em direção à África. Ali capturaram
quinhentos mil escravos transportando-os para Recife. Lá desenvolveram inúmeros
campos de lavoura cuja produção voltava à Europa alimentando a próspera e
imensa riqueza dos comerciantes holandeses.
Pois
é.
Sempre
tudo muito óbvio. E continuamos a nos escandalizar.
Até
breve.
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