Quem esfaqueou? Quem foi esfaqueado?
À margem especulações de qualquer
natureza das motivações e da extensão - se lesão corporal, tentativa de
assassinato ou atentado - permito-me refletir sobre o episódio ocorrido um dia
antes que comemoramos nossa independência.
O que encerra o ato? A quem se
destina?
Vejo cada um de nós fusionado tanto
naquele que atua quanto naquele que é afetado pelo ato. Tornamo-nos todos
beligerantes e vitimas de nossa beligerância. Nunca fomos tão agressivos,
violentos, bestiais, desumanos.
Tudo bem, uns mais outros menos,
mas todos têm agravado o universo em que vivemos. Seja pela ação, seja por
omissão, seja por incitação, seja por conveniência, seja por que razão for,
estamos sujeitos e submissos à nossa parcela mais do que abominável enquanto
seres supostamente racionais.
São incontáveis as evidências de
nosso desastre estampadas pelo cotidiano, desgraças que se incorporam à
paisagem e que não nos causam porque se sucedem com tal frequência que, bem nos
refizemos de um golpe, sucede outro maior ou mais daninho.
Paradoxalmente evoluímos em anos o
que demorávamos séculos para descobrir em qualquer campo da ciência e da
tecnologia. No campo das relações mais próximas, contudo, temos fracassado
sistemática e profundamente.
Hoje, não deveríamos louvar nossa
independência. Essa festa é caduca. Arcaico colocar nossas forças bélicas em
parada, nossas crianças repetindo valores de superfície. Nossos governantes e
suas vestes pudicas. Nossos palanques demoníacos.
Deveríamos nos convidar à interdependência,
face ao tempo presente. Urge que façamos um exame de consciência: quanto tenho contribuído
para que esse estado de violência se torne agudo?
Parece que não, mas reflita. Você
se encontrará em algum ato, seja como agressor ou como vítima.
A faca transita.
Até breve!
(Se houver amanhã...)
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