domingo, 20 de maio de 2018

PERFECTO





Outro dia escrevi um romance de 354 páginas de que gostei muito.

Foi assim. Eu tava meio com muito sono, só que era de dia, então não fazia cabimento. Eu faço o quê com esse sono? Pensei eu, cá com os meus problemas.

Já sei. Vou sonhar, mesmo que acordado.

Foi quando sentei diante de meu computador e desandei a digitar umas primeiras frases. Quando se dei por mim, já era tarde da noite, meio de madrugada e eu senti que era por fome e sede e vontade de ir ao banheiro para sólido e líquido.

Fui lá e já voltei e desgramei a escrever sei lá com quê coerência e/ou consistência.

De verdade, na passagem pela cozinha, peguei duas maças vermelhas na geladeira e um yogurt de morango. As teclas do computador ficaram ensebadas do sumo da maça, mas eu, excepcionalmente, não derramei nem uma gota de yogurt em canto algum.

Já era do outro dia e eu ali, com as costas doídas e os dedos meio que inchados e cento e dez páginas, arial, fonte 12, formato A4 inteiras.

De repente, parei. Levantei-me de um salto e me pus a pensar que eu era meio doido. Quem faz isso e desse jeito? Só um tomado de espírito, psicografando.

Eu não. Nunca deixei que ninguém montasse em mim.

Fui à cidade, paguei dois boletos. Um da televisão a cabo e o outro não sei bem de quê, só sei que teve juros e correção monetária. Eu costumo atrasar os pagamentos, quando tenho dinheiro. Quando não tenho, não pago.

Liguei para a operadora para perguntar quando que voltaria o sinal se eu já tinha pagado o boleto e que estava em dia. Eu não me lembro do que a atendente disse, só que quando liguei a TV tava tranquilo. Tinha voltado a funcionar toda a programação.

Assisti, na Netflix, a dois filmes: PERFECTOS DESCONOCIDOS, espanhol, bom as pampa.

Uma comédia dramática sobre um grupo de amigos que, em um jantar, resolvem fazer o jogo do celular sobre a mesa. A regra é simples. Tocando o celular o dono tem que atender e dar curso à conversa.

O que pinta só vendo o filme, que eu tinha que escrever mais umas duzentas e tantas páginas para concluir o romance.

Ah, o outro filme. Uma porcaria com aquele cara que fez O PIANO. Fosse por este eu devia de não ter pagado o boleto.

Depois, fui dormir.

Será que alguém acreditou nessa conversa?


ATÉ BREVE.

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