Horóscopo para hoje:
“Há coisas que só você entende e que não seria adequado você
tentar explicar sem prestar atenção a que tipo de pessoa você se dirige, porque
para muitas delas suas visões parecem sem pé nem cabeça. Discernimento”.
Seguinte: no pacote de tensões talvez uma, entre as de maior
expressão, seja a do corpo, especialmente do corpo feminino. Nas passeatas,
mulheres flamam cartazes de que seu corpo não pertence ao Estado.
Lutam para que tenham a soberania de como usá-los e,
inclusive, para a procriação, santo privilégio. O direito de interromper uma
gravidez indesejada é um dos temas mais controversos de toda a história recente
para que a mulher possa sentir-se integralmente livre.
É muito recente o advento da pílula. Durante séculos a mulher
foi vitimada trazendo consequências as mais perversas para si e para o fruto de
seu ventre.
O direito à Vida deve ser preservado como universal. O
direito a uma Vida digna dos seres gerados deve ser garantido por aqueles que
os conceberam. A imputação de responsabilidade não deve recair isoladamente nem
sobre a mulher e nem sobre o homem, mas integralmente sobre ambos.
Não há aborto exclusivamente da mulher. Nem do ser vivo.
Jamais do Ser Humano. O ser vivo gerado pela via do coito é um fenômeno divino,
a ciência trouxe a ausência do coito, mas não aboliu a imprescindível
necessidade da presença da maravilha
química de dois seres, um masculino e outro feminino.
O Ser Humano só o é na presença da função materna e da função
paterna. Não há sujeito íntegro na ausência de uma ou de outra. O Ser Humano,
como produto da cultura, jamais prescindirá de uma ou outra. Pode ser até que
em algumas culturas essas funções se alternem entre o homem e a mulher e, hoje
no extraordinário mundo novo, entre casais homoafetivos que se completam nas
complexas funções.
Fui provocado por uma querida amiga a trazer este tema a
post. Longe de mim a capacidade de fazê-lo, assumir a tarefa como demonstração
de carinho e respeito à demanda, mas com ressalva de que minhas colocações são
de leigo e de uma superficialidade perigosa.
De qualquer forma gostei de pensar a respeito, especialmente
pela imensa preocupação que sempre tive no lugar de pai e agora de avô.
Assim, sigo.
A expressão “gravidez indesejada” para mim é suficiente para
determinar o martírio que pode vir imposto ao ser que nasce. Como fruto de
desejo já é tão extraordinariamente difícil desenvolver uma pessoalidade, sem
ele, mais do que sem, negando-o, é então avassalador.
O aborto não é uma questão da mulher exclusivamente e nem uma
questão meramente moral, jurídica, penal, religiosa ou política. O aborto não
aqui restrito ao impedimento à Vida, mas sobretudo à Vida digna, é uma questão
que deveria responsabilizar em todos os aspectos e de todas as naturezas
igualmente à ambos os seres da concepção.
A ausência da função paterna é tão onerosa ao ser que nasce
quanto a imputação (seja de que natureza for ) à mulher de gerar uma Vida que
não tenha sido fruto de seu mais intenso desejo.
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