Calei meu grito ou reduzi o meu
chiado. Ao longo de seis anos que edito o blog acho que foi o período mais
longo que fiquei sem deixar as minhas falas.
Fui prá rede feicebucar. Sob
protesto do que se passa, venho todas as noites publicando os diálogos com
minha posteridade singela, limpa, ingênua. Minha netaiada, na figura ficcional de
Liz.
O horror da vilania me afastou do
noticiário, do interesse em pensar e contribuir, ainda que modestamente, na
reflexão e no endereçamento de saídas.
E foi bom.
Estava tão visceralmente tomado por
cada movimento do tabuleiro do lamaçal que, acho, perdi dias, semanas, meses, boas
horas.
Se bem que não. Estou apaixonado
por Lelê. Prá quem se esqueceu ou não sabe, Lelê é apelido de Helena, minha
netinha mais nova, que em abril completou seu primeiro aninho de beleza.
Sempre acho que acham que eu
prefiro Liz. E é verdade. Sempre acho que acham que eu prefiro o Tin. E é
verdade. Sempre acho que acham que eu prefiro o Antônio. E é verdade. Sempre
acho que acham que eu prefiro a Lelê. E é verdade.
Eu prefiro a pureza, a alegria
desmedida, o sonho, a ausência de adultice velhaca. Das crianças é o reino dos
céus, alguém já pregou isto. E é verdade.
Impossível imaginar a utopia do
retorno aos verdes anos. Para não dizer, uma tolice. Mas, em função dos
comentários que recebi nos textos publicados no FB penso que há uma demanda por
pureza.
Foram poucos, é verdade, mas o
suficiente para eu acreditar. Ninguém suporta mais ódio, desconfiança, agressão
desmedida, desrespeito à individualidade, o direito do outro as suas mais
intensas escolhas.
Ninguém mais pode querer esta vida.
Não serei eu o ingênuo de propagar
a alienação deliberada. Chutar o balde da realidade objetiva e reduzir à infantilidade
enquanto bandeira. Seria por demais revolucionário.
Pois que seja.
Doravante meus olhos, meus ouvidos
e minha voz estarão direcionados a ver, ouvir e dizer apenas bobices.
Lelê, no domingo, pela primeira
vez, disse em alto e bom som, na presença de testemunhas:
- “Vovô...”
Até breve.
(*) EM ALUSÃO A UM CERTO JUIZ SUPREMO.
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