terça-feira, 13 de junho de 2017

ÀSFAVAS



Calei meu grito ou reduzi o meu chiado. Ao longo de seis anos que edito o blog acho que foi o período mais longo que fiquei sem deixar as minhas falas.

Fui prá rede feicebucar. Sob protesto do que se passa, venho todas as noites publicando os diálogos com minha posteridade singela, limpa, ingênua. Minha netaiada, na figura ficcional de Liz.

O horror da vilania me afastou do noticiário, do interesse em pensar e contribuir, ainda que modestamente, na reflexão e no endereçamento de saídas.

E foi bom.

Estava tão visceralmente tomado por cada movimento do tabuleiro do lamaçal que, acho, perdi dias, semanas, meses, boas horas.

Se bem que não. Estou apaixonado por Lelê. Prá quem se esqueceu ou não sabe, Lelê é apelido de Helena, minha netinha mais nova, que em abril completou seu primeiro aninho de beleza.

Sempre acho que acham que eu prefiro Liz. E é verdade. Sempre acho que acham que eu prefiro o Tin. E é verdade. Sempre acho que acham que eu prefiro o Antônio. E é verdade. Sempre acho que acham que eu prefiro a Lelê. E é verdade.

Eu prefiro a pureza, a alegria desmedida, o sonho, a ausência de adultice velhaca. Das crianças é o reino dos céus, alguém já pregou isto. E é verdade.

Impossível imaginar a utopia do retorno aos verdes anos. Para não dizer, uma tolice. Mas, em função dos comentários que recebi nos textos publicados no FB penso que há uma demanda por pureza.

Foram poucos, é verdade, mas o suficiente para eu acreditar. Ninguém suporta mais ódio, desconfiança, agressão desmedida, desrespeito à individualidade, o direito do outro as suas mais intensas escolhas.

Ninguém mais pode querer esta vida.

Não serei eu o ingênuo de propagar a alienação deliberada. Chutar o balde da realidade objetiva e reduzir à infantilidade enquanto bandeira. Seria por demais revolucionário.

Pois que seja.

Doravante meus olhos, meus ouvidos e minha voz estarão direcionados a ver, ouvir e dizer apenas bobices.

Lelê, no domingo, pela primeira vez, disse em alto e bom som, na presença de testemunhas:

- “Vovô...”






Até breve.


(*) EM ALUSÃO A UM CERTO JUIZ SUPREMO.

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