Nenhuma teoria ou ciência dá conta
de tamanha bandalha. Mesmo guardando as estratégias mais do que perversas entre
os grupos que se articulam não é possível crer em qualquer expediente
moderador.
Não há entre os contendores nenhum
puro. Todos, indiscriminadamente todos, pustulam. O organismo institucional é
uma metástase que cotidianamente vaza. E, a cada vez, com maior carnicão.
Seguramente nunca estivemos tão
distantes de um desfecho que possa sugerir superação. Qualquer resultado das
pendências jurídicas em curso é aterrorizante. Ninguém será condenado sem
condenar a tantos outros. Inclusive aos próprios juízes.
Não há nenhum puro.
Mera denúncia vazia. Denúncia vazia
é a retomada do imóvel pelo locador, sem necessidade de justificativa, após o
término do prazo de locação inicialmente fixado em contrato.
Devolvam-me o meu mundo. O que
farei sem a minha morada?
Postei este texto ontem no FB. É um
fragmento de TUMOR
editado aqui no dasletra.
Experimentei ao longo dos últimos
dias sentimentos contraditórios. Vacilei-me em diferentes expectativas e
tensões. Surpreendi-me com a magnitude, indignei-me com o escárnio. Esperei
acontecimentos.
Ausentei-me do noticiário, facilitado
pelo cuidar dos netos, passarinhos, coiseiras do sítio. Meu coração e cérebro
ainda assim tomado pela inquietude e pelo torpor.
Todos sabemos que não vivemos
tempos fáceis. Todos estamos conscientes de estarmos diante de uma mudança de
era, que deixamos para traz uma era de mudanças. Todos sabemos que a vida já
não é mais do jeito que teria sido.
O que nos trouxe até aqui?
Negligência, desinteresse,
desesperança, irresponsabilidade, ingenuidade, intenção. Afinal quanto do que
está posto, criamos? Quanto de nós está no quadro emoldurado? Por omissão,
inércia, egoísmo, descompromisso?
A democracia clama por
envolvimento, por legitimidade, por lisura e responsabilidade. Tudo do que vier
é nosso, sobretudo. Não há um “eles” sobre o qual recaia a culpa pelo desastre.
O desastre é integralmente nosso.
Escolhi Collor. Escolhi FHC. Escolhi
Lula, escolhi Dilma, escolhi Aécio. Escolhi tudo o que está aí. Confortável é a
certeza, compartilhada, de que não fui o único. O que está aí é muito maior do
que eu possa mudar.
Talvez isto nos garanta lógica
futura. Talvez isto compense e explique nossa passividade. Talvez esconda nossa
omissão semi-deliberada. Nossa
alienação. Nossa fraqueza.
Talvez.
Talvez tudo mude e, por pura sorte,
me caiba.
Até breve.
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