sábado, 6 de maio de 2017

CLASSES



Postei no FB:

Penso que vamos seguir sobre tempos cada vez mais sombrios com vácuos extensos e profundos entre territórios inacessíveis entre si: o Estado, a Sociedade e o Povo.

O Estado com seus poderes e suas milícias; a Sociedade com suas idiossincrasias e delírios de liberdade democrática e o Povo, essa massa de mortos vivos que perambulam pelas vias públicas de lá para cá a procura de algo que os sustente.

Dramático o nosso momento.

A cada dia aprofunda-se e alarga-se uma crise moral, cívica e de sanidade que me assusta pela ausência de movimentos renovadores à altura.

Ocorreu-me, então, de trazer à post o que coloco como ESTADO, SOCIEDADE e POVO.

O ESTADO tem como função precípua o estabelecimento dos marcos de referência em que, além de seus próprios membros, SOCIEDADE e POVO podem, devem e são obrigados a operar. É, por extensão, o guardião para que todos não saiam destes marcos utilizando para isto os meios que ele próprio institui para coibir, sancionar, punir, taxar, ou privar de liberdade àquele que transgredir o estabelecido.

O ESTADO constitui-se de:

· Os profissionais da política institucional que ocupam cadeiras nos poderes Legislativo e Executivo, assim como os membros da diretiva dos partidos, com ou sem mandato popular.

· Os profissionais da área jurídica que ocupam cadeiras nos poderes Judiciário, incluídos aqueles do Ministério Público, em todos os tribunais de todas as instâncias e esferas (municipal, estadual e federal).

·  Os burocratas que ocupam posições de gestão operacional, bem como atendentes ao público em geral, de todas as unidades dos poderes instituídos.

·  Os profissionais da segurança em todas as suas estruturas, forças armadas, polícia militar e civil, bem como aqueles que operam em instâncias de inteligência.

Assim, portanto, o Presidente da República, o guarda municipal da esquina (Cosme ou Damião), o vereador de Quixadá das Abobrinhas, a Dona Clélia atendente do INSS, o seu Bartolomeu Gerente de distribuição de Guias de Internação do SUS, o General comandante do II Exército, o fiscal da Delegacia da Receita Federal, o ministro do STF, do TSE, o juiz da comarca de Nossa Senhora dos Perdizes, enfim todos aqueles que trabalham para dizer em quais trilhos os cidadãos podem seguir. Devo ter esquecido vários, especialmente aqueles que se revestem da prerrogativa de.

A SOCIEDADE é constituída por:

· Proprietários de empresas de comércio, bancos, indústrias, fazendas, casas de entretenimento, meios midiáticos, bem como de todas as demais empresas com as mais diversas razões sociais.

·  Os empregados regulares destes proprietários, pejotas, celetistas ou terceirizados, diaristas, mensalistas, horistas ou de bicos vários.

·  Estudantes em geral de todos os estágios.

·  Intelectuais, artistas, professores.

·  Familiares das categorias acima.

Assim, portanto, Setubals, Safras, Seu Zezinho dono da Birosca da Wanda, Coronel Alencar da Fazenda Boi Sonso, Alfredo estudante de direito na PUC e Jurandira da UFBA, aquele menino ali passando de uniforme escolar, Caetanos, Chicos e Gils, Olavos de Carvalhos e Karnais, Joices e Dinardis, Fernandas Montenegros e outros Montes, o Gerente da Sadia e da Enfuradora de Buracos Limitada, o auxiliar de compras, o engenheiro de refratários, a secretária, enfim todos aqueles que supostamente têm um vida, uma casa, comida, roupa, wifi, e sabem qualé.

O POVO é constituído por:

·  O resto.

SOCIEDADE e ESTADO se locupletam em esquemas de harmonia duvidosa recíproca sempre orientando-se na perspectiva de garantirem-se e, no discurso (especialmente nas redes sociais), criarem melhores condições para o RESTO, ou melhor, para o POVO.


Até breve.

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