Postei no FB:
Penso que vamos seguir sobre tempos
cada vez mais sombrios com vácuos extensos e profundos entre territórios
inacessíveis entre si: o Estado, a Sociedade e o Povo.
O Estado com seus poderes e suas
milícias; a Sociedade com suas idiossincrasias e delírios de liberdade
democrática e o Povo, essa massa de mortos vivos que perambulam pelas vias
públicas de lá para cá a procura de algo que os sustente.
Dramático o nosso momento.
A cada dia aprofunda-se e alarga-se
uma crise moral, cívica e de sanidade que me assusta pela ausência de
movimentos renovadores à altura.
Ocorreu-me, então, de trazer à post
o que coloco como ESTADO, SOCIEDADE e POVO.
O ESTADO tem como função precípua o
estabelecimento dos marcos de referência em que, além de seus próprios membros,
SOCIEDADE e POVO podem, devem e são obrigados a operar. É, por extensão, o
guardião para que todos não saiam destes marcos utilizando para isto os meios que
ele próprio institui para coibir, sancionar, punir, taxar, ou privar de
liberdade àquele que transgredir o estabelecido.
O ESTADO constitui-se de:
· Os profissionais da política institucional que ocupam
cadeiras nos poderes Legislativo e Executivo, assim como os membros da diretiva
dos partidos, com ou sem mandato popular.
· Os profissionais da área jurídica que ocupam cadeiras
nos poderes Judiciário, incluídos aqueles do Ministério Público, em todos os
tribunais de todas as instâncias e esferas (municipal, estadual e federal).
· Os burocratas que ocupam posições de gestão
operacional, bem como atendentes ao público em geral, de todas as unidades dos
poderes instituídos.
· Os profissionais da segurança em todas as suas
estruturas, forças armadas, polícia militar e civil, bem como aqueles que
operam em instâncias de inteligência.
Assim, portanto, o Presidente da República, o guarda
municipal da esquina (Cosme ou Damião), o vereador de Quixadá das Abobrinhas, a
Dona Clélia atendente do INSS, o seu Bartolomeu Gerente de distribuição de
Guias de Internação do SUS, o General comandante do II Exército, o fiscal da
Delegacia da Receita Federal, o ministro do STF, do TSE, o juiz da comarca de
Nossa Senhora dos Perdizes, enfim todos aqueles que trabalham para dizer em
quais trilhos os cidadãos podem
seguir. Devo ter esquecido vários, especialmente aqueles que se revestem da
prerrogativa de.
A SOCIEDADE é constituída por:
· Proprietários de empresas de comércio, bancos,
indústrias, fazendas, casas de entretenimento, meios midiáticos, bem como de
todas as demais empresas com as mais diversas razões sociais.
· Os empregados regulares destes proprietários, pejotas,
celetistas ou terceirizados, diaristas, mensalistas, horistas ou de bicos
vários.
· Estudantes em geral de todos os estágios.
· Intelectuais, artistas, professores.
· Familiares das categorias acima.
Assim, portanto, Setubals, Safras, Seu
Zezinho dono da Birosca da Wanda, Coronel Alencar da Fazenda Boi Sonso, Alfredo
estudante de direito na PUC e Jurandira da UFBA, aquele menino ali passando de
uniforme escolar, Caetanos, Chicos e Gils, Olavos de Carvalhos e Karnais,
Joices e Dinardis, Fernandas Montenegros e outros Montes, o Gerente da Sadia e
da Enfuradora de Buracos Limitada, o auxiliar de compras, o engenheiro de
refratários, a secretária, enfim todos aqueles que supostamente têm um vida,
uma casa, comida, roupa, wifi, e sabem qualé.
O POVO é constituído por:
· O resto.
SOCIEDADE e ESTADO se locupletam em
esquemas de harmonia duvidosa recíproca sempre orientando-se na perspectiva de garantirem-se
e, no discurso (especialmente nas redes sociais), criarem melhores condições
para o RESTO, ou melhor, para o POVO.
Até breve.
Muito bom texto.
ResponderExcluirMuito bom!
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