Odebrecht é uma verruga inflamada. Se se fizer uma
incisão mais profunda descobrir-se-á quão mais grave e profundo é o estado do
paciente. Aliás, feita a incisão e constatada a extensão da metástase, melhor
não abrir o corpo. Talvez ele evolua para óbito, pós-cirurgia.
Supor que Odebrecht é o todo do
abcesso é avaliação para principiantes ou desinformados ou mal informados.
Claro que não é uma verruga qualquer, há dolorosas ínguas derivadas dali que,
de quando em vez, produzem um quadro febril no paciente.
Odebrecht, no entanto, não passa de
uma ferida que afinal desnudou a verdadeira situação. Odebrecht é, apenas e tão
somente, uma pequena ferida exposta.
A metástase envolve tantas outras semelhantes
que, há décadas, operam como hospedeiras do Estado, em todas as esferas da
administração pública, municipal, estadual e federal.
Não há nenhuma operação que envolva
a administração pública que esteja hígida. Serviços gerais de infraestrutura,
aquisição de insumos, móveis, equipamentos, medicamentos, cultura, esporte,
lazer, serviços de saúde e educação, ciência e tecnologia, relações internacionais,
contratação de mão-de-obra, enfim todos os contratos são celebrados dentro de
uma modelagem contaminada por políticas e práticas que envolvem inúmeras e
repetidas irregularidades.
Provavelmente, menos evidente e
profunda, a mesma situação se repete na administração legislativa e judiciária.
É apenas uma questão de boca. De
lagartixas à jacarés e crocodilos. Boca grande é uma expressão usada há décadas
no setor verrugal.
A composição entre Sociedade Civil
via representação popular com o Estado Arrecadador é, por natureza, espúria e
vil. Em nenhum momento da história nacional vimos nada de diferente daquilo que
a verruga Odebrecht marca. Nem mesmo na época das redentoras, todas elas,
território de vilanias inconfessáveis. Os porões não escondiam apenas
atrocidades, mas e, sobretudo, negociatas.
O modelo democrático, essa obra de
ficção e de covardia social, vendida por gangsteres que se aglutinam em torno
de projetos de poder para defenestrar a coisa pública não é de hoje que está aí
e, em minha opinião, é o que precisa ser exposto.
A esfera política se estende nas
veias do tecido social vitimando-o por condutas nefastas que trazem um imenso
prejuízo moral, maior talvez que o econômico e social. Pesquisas de
instituições de investidores internacionais apontam que o maior risco de
aplicação no país diz respeito à relação de confiança na celebração de
contratos.
Nós brasileiros, todos nós, não
somos confiáveis. Nada mais atual do que De Gaulle.
Sempre ficamos com o dedo em riste,
escolhendo lados para nos encobrir da nossa patológica omissão. Lula é bandido,
Aécio é bandido, Jânio é bandido, Lott é bandido, Getúlio é bandido, Lacerda é
bandido, Renan é bandido, todos são bandidos.
Todos ungidos por nós. Os que
acusam tendo os escolhido.
E o fazemos com tal alienação que
beira à alucinação, vestindo cores, jingles, canções, manifestações de toda
sorte, esquerda, direita, fascista, homofóbico, racista, mas não nos damos
conta que em tudo estamos.
Ou a gente vai prá casa e se olha
no espelho ou vamos continuar alimentando mentiras que matam.
Até breve.
Texto que desperta reflexões. Parabéns!
ResponderExcluirSérgio, obrigado pelo comentário, mas, amigo, eu queria muito que reflexões pudessem advir e pavimentar novos posicionamentos. Forte abraço.
ExcluirNo ponto, Agulha! É triste, mas dói! Principalmente para gente como eu que (talvez ainda "só poeta") tenha ficado a sonhar com coisas que não estão nem à esquerda, nem à direita, nem ao centro. Estão no Limbo da Nossa Alma Perdida!
ResponderExcluirOu a gente vai prá casa e se olha no espelho ou vamos continuar alimentando mentiras que matam.
ResponderExcluirPutz!!