domingo, 19 de março de 2017

GALINHAVIVA



Aquele amigo que disse que me ajudaria a selecionar posts e trabalhar pela edição em livro me ligou ontem à tarde. Foi uma conversa de quase duas horas, não só a respeito da banalidade da ideia.

- Agulhô, seu filho da puta, que empreitada que você me arrumou, cara!

- Foi eu não, bicho, você que se propôs...

- Pô, maior fria... Eu tô super enrolado com um monte de outros trens e agora tô só preocupado...

- Com quê?

- Cê deve tá muito ansioso...

- Esquenta não...

- Posso ser sincero?

- Sobre o quê?

- Esse negócio de ser mil ou trocentos posts, larga disso cara... Tem nada a ver...

- Ahã...

- Agora já lí uma porrada e 80% é porcaria, coisas aí do seu cotidiano...

- Escrever para mim é como cagar?

- Ha... Ha... Ha...

- Todo dia evacuo minha produção que já não me serve e lanço nos subterrâneos e nas nuvens...

- Eu tô na quinta latinha de cerva, aqui sozinho em casa...

- Eu tomei só três...

- Aqui, falando sério... Os outros vinte por cento são bons prá caralho! Você escreve bem prá burro, tem um estilo assim...

- Sei...

- Acho que tem muito material, mas você podia dizer aí o que você escolhe para a gente ver a quem dirigir... Tem essas coisas de marketing... Como a gente vai encaminhar com o editor...

- Ahã...

- Leva mal não amigo, é que tô mesmo embrulhado com alguns projetos que vão demandar...

- Fica tranquilo...

Ainda bem que falamos de tantas outras coisas verdadeiramente importantes e que fazem com que preservemos essa amizade tão sólida e antiga. Coisas de fundo, das dores e paixões, da história pessoal e seus endereçamentos. E rimos muito, às gargalhadas e, houve momento, que também alguma coisa, líquida, quase que escorre dos meus olhos.

Vou ligar para ele agora e pergunta-lo:

- E aí, bicho, a gente inclui em qual categoria esse post? Na dos 20% ou dos 80%?

É foda, por isto.



Até breve.

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