Ontem travei breve debate no FB com
dois grandes amigos com quem tive o privilégio de trabalhar na MBR. Tenho profundo
respeito, admiração e, sobretudo, gratidão por ambos.
Não cito o nome deles aqui por não
estar autorizado a fazê-lo. Um e outro, me parece, têm convicções ferrenhas e
fundamentadas a propósito da política. Um petista roxo e outro, suponho,
escolher como alternativa a intervenção militar.
O debate surgiu a partir da
postagem, pelo petista, do vídeo abaixo:
Acordei de madrugada incomodado por
ruminescências. Lembrei que na década de
80, dentro do rol de minhas responsabilidades profissionais, estava a
negociação trabalhista.
Por força disto me envolvi (inúmeras
oportunidades) em palestras, seminários, congressos, mesas de debate versando
sobre o tema mais do que palpitante da época. Eu havia vivido a greve ocorrida
na FIAT em 1978 e estava hipersensibilizado, como sempre, com o que acontecia
ao meu redor.
O Brasil vivia a passagem da
redentora de 64 para a distensão e redemocratização e tinha, nas relações entre
capital e trabalho, o ambiente mais acalorado.
Na época visitei, em duas ou três
oportunidades o Instituto Cajamar, que viria a ser a Universidade do
Trabalhador e que tinha como Reitor ou Patrono ninguém menos do que o extraordinário
educador, Paulo Freire.
Lembro-me que em uma das palestras
que assisti feita por Paulo meu coração não se continha, dada a clareza, o
brilhantismo e a contundência do discurso do autor de A Pedagogia do Oprimido,
livro que me levava às lágrimas.
Entre tantos eventos lembrei-me de
um dos congressos brasileiros de que participei levado pelo querido e saudoso
amigo Dr. Dráusio Rangel, iminente e famoso negociador pelo lado patronal da
indústria automobilística.
Eu estava na MBR e dividi um dos
painéis do congresso com um amigo contemporâneo na FIAT, o Osmani então Diretor
de Relações do Trabalho na montadora, Vicentinho, presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC e Jacques Wagner, presidente do Sindicato dos Petroleiros
da Bahia. Eu e Osmani pelos patrões e Vicentinho e Jacques Wagner pelos trabalhadores,
moderados pelo Dr. Dráusio.
O congresso teve duas palestras
magnas: a de abertura, feita pelo sociólogo e então Senador da República
Fernando Henrique Cardoso e a de encerramento, feta pelo sindicalista e então recém-criador
do Partido dos Trabalhadores e potencial candidato à Presidência da República,
Lula.
Nos bastidores do Congresso, os
palestrantes e panelistas tiveram oportunidade de trocar opiniões,
experiências, posições políticas, mas todos garantiam estar ali para dar sua
contribuição na elaboração e adoção de práticas e políticas que pudessem vir a
melhorar a relação entre empresas e seus trabalhadores com vistas ao aumento da
produtividade e ao desenvolvimento do país.
Dráusio faleceu. Vicentinho foi
prefeito e hoje é deputado. Osmani cruzei com ele
recentemente em um shopping. Jacques Wagner se lambuzou.
Fernando Henrique foi Presidente da
República e hoje é intermediário de megainvestidores internacionais. Lula foi Presidente da República e recentemente adquiriu pedalinhos para seus netos.
De Paulo Freire ninguém mais fala e
nem ouve.
Eu? Perdi minhas ilusões.
Até breve.
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