Brunhilde Pomsel, secretária do
ministro de propaganda do nazismo, Joseph Goebbels, morreu na noite de
sexta-feira, em sua casa em Munique, aos 106 anos.
Quem divulgou a notícia foi Roland
Schrotthofer, diretor de A German Life (Uma vida alemã, em
tradução livre), documentário feito a partir de dezenas de horas de entrevistas
realizadas com Brunhilde quando ela tinha 103 anos.
“Tudo o que é bonito também está
infectado”, disse ela no filme, sem encarar a câmera. “E o que é horrível
também tem seu lado brilhante. Nada é preto e branco, sempre há um pouco de
cinza em tudo.”
Pois é.
Vai com ela arquivo de um tempo de
trevas. O Belo é a ausência absoluta do infecto. O Belo são todos os matizes
além da conjugação de todos, em harmonia. O cinza, inclusive, já que natural.
O feio vem do desnatural, da besta,
da ignominia. Das entranhas do caráter de homens doentes sociais. Tudo que a
Humanidade conseguiu produzir de pior pode ser encontrado em Goebbels. Seu ato
mais covarde foi suicidar-se junto com sua esposa não sem antes de matar os
seus seis filhos menores.
Não há nada de brilhante na
perversão, antes pelo contrário.
Em dimensão menor, claro, mas de
mesma natureza, observamos personagens da cena brasileira recente. Centenas de
sujeitos que se locupletaram como homens públicos e solaparam poupanças sociais
de estados da federação inteiros. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do
Sul estão dramaticamente quebrados.
Fizeram um vultoso e tenebroso ataque
aos cofres do Estado trazendo o país a uma desordem sem precedentes e
perspectiva de um futuro de dificuldades consideráveis.
Corta para o imediato.
Catapultado pelos governos petistas
para ser o executivo campeão da atividade econômica, Eike Batista, dono da
holding EBX, chegou a controlar 14 empresas nos ramos de mineração, indústria
naval, tecnologia e eventos. O Grupo EBX concorria com outras gigantes do setor
como Petrobrás, Vale e Odebrecht.
Em abril de 2012, Dilma participou
da cerimônia da primeira carga de petróleo produzida pela OGX, e disse que Eike
era um "exemplo a ser seguido, nosso padrão, nossa expectativa e orgulho
do Brasil".
No dia 7 de março de 2012,
o empresário sobe para 7ª posição da lista de bilionários da revista
'Forbes', com fortuna avaliada em US$ 30 bilhões. Em 2011, Eike ocupava a 8ª
posição no ranking.
No entanto, a história de
decadência relâmpago de Eike Batista foi ilustrada na capa da revista Bloomberg
Businessweek de 3 de outubro de 2013. O texto classifica a trajetória de
Batista como um dos "maiores colapsos financeiros da história".
Ocorre que este sujeito não é a
principal vítima de seus devaneios, sandices e vilanias.
Ocorre que não havia nada de
brilhante neste sujeito. Ocorre que não há nada de Belo na trajetória deste
sujeito.
Ocorre que vê-lo preso junto com
tantos outros que ainda o serão é, afinal, resgatar de vez a esperança de um
país passado a limpo.
Até breve.
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