No meu tempo era diferente.
Ouvia de meus pais que, por
certeza, ouviam de meus avós que, quase certo, teriam ouvido de seus
antepassados. E sempre.
E de que tempo é esse de que se
fala? Não é o da infância ou da adolescência, porque não se sabe e nem da
maturidade, porque já tendo passado, o tempo é de espera para o inexorável.
O tempo que é diferente de um para
o outro é o da Segunda Idade. Tipo entre os vinte e poucos e os cinquenta e
poucos. Ali que tudo acontece e, portanto, diferente de um para o outro.
A vida não dura mais do que trinta
anos e é nessa fase de meio que se dá a geração e as transformações. Não há
aqui nenhum lamento e nem sofrimento, antes pelo contrário, o que se propõe é
mais agudo.
Nem que não haja vida antes ou
depois, e muito depois, deste extrato. Não, antes pelo contrário. Meu caso
mesmo, euzinho tô começando (já disse no post anterior) um ciclo novo. Então
não se trata de dizer que moços e velhos não vivam.
O mundo circula na segunda idade e
é ali que ele se transforma, tornando-se diferente a cada geração.
Só que, parece, estes ciclos estão
mais abruptos e talvez já se pode dizer que há duas gerações dentro de um mesmo
ciclo da Segunda Idade. Você aos quarenta não entenderá nada e não curtirá algo
de um de vinte e poucos anos.
A diferença despirocou. A cada dez
anos gira. E, acho, que daqui a pouco menos de dez. Liquidamente.
Vaporosamente. Zazmente. A ponto de ninguém mais compreender o que, na real,
está rolando.
Talvez a tecnologia seja a culpada,
ou a responsável por esta desgraça, sim por que tudo tem que se alterar e, o
pior, tão rápido? Por que eu tenho que a todo instante ter que me adaptar às
avalanches? Deixe-me aqui com o meu tempinho.
Não tem escapatória, o tempo
geracional avassala, solapa, exclui. Daqui cinco anos ninguém mais assistirá TV
aberta. TV era um aparelho doméstico fixado nas paredes das moradias ou
estático sobre móveis. Tinha uma programação regular dentro de horários
estabelecidos. As notícias aconteciam em intervalo de horas.
O tempo era diferente.
Quem leu os clássicos de outros
tempos ou de tempos mais recentes deve ter se arrupiado todo ao assistir o último
Roda Viva da TV Cultura. Karnal e Pondé, dois ícones da filosofia de consumo
dagora, extraindo das redes sociais ais ais e outros que tais. Nossa! Como pode
alguém ser tão inteligente, meus deuses!!!
No meu tempo era diferente.
Tinha CDA.
Até breve.
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