Eu mesmo vinha achando que bastava.
De repente, não. Há muito a legar ainda. E voltei de Quattro, como em O
Regresso. Com gosto de Vida na boca. São passos iniciais, mas puxa, como tem
sido bom conviver com essas pessoas redescobertas ou descobertas nos últimos
meses.
Simultaneamente, correm os fatos.
No âmbito da minha militância
profissional, boas novas simbólicas. É que a principal marca de um país
enxovalhado busca redimir-se. Depois da publicação de um pedido de desculpas
formal à nação – o que será feito assim que delações e acordo de leniência
estiverem assinados – a Odebrecht parte para cronograma de quatro estágios a
ser cumprido em, no máximo, quatro anos.
Os passos incluem forte compliance
(incluindo redesenho da holding), movimento para mostrar à sociedade a
relevância social do Grupo, resgate da credibilidade e reposicionamento da
marca. A Odebrecht sairá da maior crise de sua história – econômica, ética e
moral – com tamanho bem menor, mas… saudável.
Não está prevista troca do nome da
empresa, o que jamais poderia mesmo fazer.
Por outro lado, nada assusta no
território da puslítica, mesmo a declaração (em plenário) do presidente da
Câmara de que o parlamento deve se defender da pressão popular e aprovar a
lobotomia social. “Esqueçam de vez, os
nossos crimes”, traduzindo aquilo que o infeliz quer dizer, não sem tiques
nervosos que o denunciam.
Não há nada que se possa mais
dizer. Brasília dá náuseas. Não a cidade, claro.
Tempos vultuosos, o presente. Na
madrugada de hoje foi-se (foice) um pedaço icônico da História do Século XX:
Fidel.
Enquanto proclamava o triunfo da
revolução em 1959, várias pombas voaram a seu redor e uma delas pousou
docemente em seu ombro. As pessoas entenderam como um sinal sobrenatural. O
mito marcou a vida de Fidel.
Ele gostava do “nascimento das
ideias”, fascinava também as massas, as mulheres, os políticos e os artistas.
Fidel desafiou dez presidentes dos
Estados Unidos e governou com mão de ferro, derrotou conspirações apoiadas pelo
Império Americano e enviou 386.000 concidadãos para lutar em Angola, Etiópia,
Congo, Argélia e Síria.
Ao longo de 40 anos (1958-2000)
escapou de 634 tentativas de assassinato. “Tenho um colete moral, é forte. Esse
tem me protegido sempre”, disse aos jornalistas enquanto mostrava o peito
durante uma viagem aos Estados Unidos em 1979.
Também se propôs a fazer de Cuba
uma “potência médica”, quando tinha somente 3 mil médicos no país. Hoje tem
cerca de 88 mil especialistas, um para cada 640 habitantes.
Nem sempre o Quixote caribenho
venceu. Após um esforço titânico, não conseguiu, como tinha proposto, produzir
10 milhões de toneladas de açúcar em 1970, mas conseguiu que Cuba derrotasse o
analfabetismo em apenas um ano (1961).
Fidel dizia não apreciar o culto à
personalidade. Não há estátuas, mas sua imagem se multiplicou na ilha.
“Em breve serei como todos os
outros. A vez chega para todos”. A vez de Fidel Castro foi nesta madrugada, aos
noventa anos de idade.
E eu não deveria ter trazido nada
disso à post, porque há um fato reluzente que está por vir no dia de hoje: Dona
Ismênia comemorará seus noventa anos de Vida. Eu estarei presente em grupo
seleto de convivas.
É o que importa.
Até breve.
OBS.: Para Odebrecht e Fidel apoiei-me no Estadão.