domingo, 11 de setembro de 2016

MIÚDO




Décadas atrás convivi, em uma instituição acadêmica da qual participava, com uma colega que dizia: “As pessoas não prestam”.

E não era de pilhéria, gozação, deboche. Séria e determinada, minha colega havia desenvolvido um rol de teses que fundamentavam a sua assertiva.  Inclusive você? Indaguei-lhe certa vez.

- Óbvio!

De quando em vez me lembro dela, buscando lembrar-me também dos fundamentos que ela utilizava, estando eu diante de circunstâncias que me levam à assertiva da colega.

Terminei de assistir à Segunda Temporada da série NARCOS (NETFLIX) que aborda a trajetória de Pablo Escobar. Estou assistindo também à série HOUSE OF CARDS.

Na abertura das séries, como de praxe, há a informação de que a produção baseia-se em fatos reais e contempla situações, fatos e personagens extraídos da ficção.

Por mais que tente a arte jamais conseguirá retratar com fidelidade o Real. Por mais brutal ou vil que seja o protagonista jamais dará a exata expressão daquele que busca retratar.

O tráfico de drogas e a Política talvez sejam sim os territórios mais propícios para as teses de minha colega encontrar eco. Ali são mesmo mais evidentes, já que o que impera é a vilania em toda a sua agudez.

Não há mocinhos nas séries citadas. Em NARCOS, os personagens agentes do DEA (Depto de Narcórticos dos USA) se perguntam: “Quem são os mocinhos? Nós?”.

Tanto em uma como em outra, ninguém presta. Nem a mãe de Escobar, em NARCOS. Nem o reverendo, em HOUSE.

Corta para o real.

Seja na vidinha chinfrim de cada unzinho de nós, seja na grande dos glamorosos terráqueos, olhando no cotidiano, começo a ter que aceitar que minha colega tinha e tem razão.

As pessoas não prestam.

Se me perguntarem: inclusive você?

Já sabem a resposta.



Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário