Décadas atrás convivi, em uma instituição
acadêmica da qual participava, com uma colega que dizia: “As pessoas não
prestam”.
E não era de pilhéria, gozação,
deboche. Séria e determinada, minha colega havia desenvolvido um rol de teses
que fundamentavam a sua assertiva. Inclusive você? Indaguei-lhe certa vez.
- Óbvio!
De quando em vez me lembro dela,
buscando lembrar-me também dos fundamentos que ela utilizava, estando eu diante
de circunstâncias que me levam à assertiva da colega.
Terminei de assistir à Segunda
Temporada da série NARCOS (NETFLIX) que aborda a trajetória de Pablo Escobar.
Estou assistindo também à série HOUSE OF CARDS.
Na abertura das séries, como de
praxe, há a informação de que a produção baseia-se em fatos reais e contempla
situações, fatos e personagens extraídos da ficção.
Por mais que tente a arte jamais
conseguirá retratar com fidelidade o Real. Por mais brutal ou vil que seja o
protagonista jamais dará a exata expressão daquele que busca retratar.
O tráfico de drogas e a Política
talvez sejam sim os territórios mais propícios para as teses de minha colega encontrar
eco. Ali são mesmo mais evidentes, já que o que impera é a vilania em toda a
sua agudez.
Não há mocinhos nas séries citadas.
Em NARCOS, os personagens agentes do DEA (Depto de Narcórticos dos USA) se
perguntam: “Quem são os mocinhos? Nós?”.
Tanto em uma como em outra, ninguém
presta. Nem a mãe de Escobar, em NARCOS. Nem o reverendo, em HOUSE.
Corta para o real.
Seja na vidinha chinfrim de cada
unzinho de nós, seja na grande dos glamorosos terráqueos, olhando no cotidiano,
começo a ter que aceitar que minha colega tinha e tem razão.
As pessoas não prestam.
Se me perguntarem: inclusive você?
Já sabem a resposta.
Até breve.
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