terça-feira, 2 de agosto de 2016

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“Como opinar sobre um mundo tão fragmentado? Temos de nos contentar com narrativas parciais. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, artistas e pensadores vivem perplexos – não sabem o que filmar, escrever, formular.”

“... a busca de profundidade foi substituída por um vale-tudo formal em que a inteligência é substituída pela sacralização das irrelevâncias massificadas.”

Arnaldo Jabor em crônica publicada hoje no Estadão.

Pois é.

Desconhecer passa a ser a grande sacada, acompanhada por não opinar sobre nada e nem ninguém.

- Viu o que aconteceu ontem em...?

- Não.

- Como não?

- Não vi.

- Mas todo mundo viu e só se fala nisso...

- Hum...

- Você não se importa?

- Com quê?

- Com o que aconteceu ontem em...

- Não vi.

- Deveria ter visto.

- Hum...

- Como você consegue ficar tão alheia...

- A quê?

- Ao que está acontecendo, ora!

- Hum...

- Você não está bem, precisa procurar ajuda, um analista talvez... Sua alienação está me preocupando...

- Não se preocupe.

- Você não se interessa por nada, não quer saber de nada, não opina sobre nada... Nada... Nada...

- Opinar sobre?

- O que está acontecendo, caramba!

- Vamos conversar, então...

- Pois é, trocar ideias sobre as coisas, as pessoas, interessar-se...

- Tudo bem.

- Então?

- Então o quê?

- Não vai falar sobre o que está acontecendo?

- Luana Piovani ficou puta com a notícia que está se separando de Scooby.

- Puxa vida! Até que enfim um pouco de normalidade...




Até breve.

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