Inadvertidamente estive examinando
o Código de Ética que orienta a conduta da editoria deste blog. E, para minha
surpresa, constatei que um dos pilares dos propósitos deste veículo é o da
REGULARIDADE.
Passei a refletir das razões pelas
quais o dasletra perdeu o ritmo
anteriormente determinado e passou a trazer à luz, indisciplinadamente e sem
uma constância regular, os seus textos.
Todos que acompanham de há muito o
blog sabem que os colaboradores estrelados são ressarcidos de seus préstimos
via pro bono, isto é, traduzindo em
uma linguagem mais clara, não recebem nada a não ser a projeção internacional
e, às vezes, local de sua peculiar abordagem temática.
A estrutura do Conselho Editorial,
também estabelecida dentro do rigor do Código de Ética, não contempla nenhuma
posição de comando institucional o que faculta, aos editores, uma liberdade de
produção que beira à libertinagem. Isto é, cada um escreve aquilo e quando bem
lhe interessa.
Sabemos de sobra que democracia sem
liderança não traz bons resultados.
Contrariando minha disposição
procurei alguns dos principais editores para conversar e procurar entender o
que poderia estar acontecendo. Melhor seria se eu estivesse ficado no meu canto
cuidando apenas daquilo que me cabe.
O primeiro com quem falei, o editor
de política, me deu náuseas. Acometido por uma sonolência demoníaca ruminou
algumas sentenças desprovidas de sentido lógico para dizer que seu último texto
INSTÂNCIA já teria sido suficiente para que os leitores entendessem o seu
estágio.
- “Entreguei prá Deus, esta porra!”
foi o que grunhiu.
E voltou-se para a TV.
- “Você já assistiu esta merda”?
- “House of cards? Sim.” De fato vi
até agora parte da série.
- “No segundo episódio há uma cena
em que o deputado se depara na calçada com um cidadão protestando, vai até ele
e pergunta se a besta não percebe que ninguém está ouvindo porra nenhuma do que
grita. ‘Não quer que eles te levem para casa’? Pergunta referindo-se aos
policiais que haviam algemado o cidadão em um poste”.
- “Daí?”
- “Quer que eu mastigue? Vá à merda”!
Foi o suficiente para eu deixar o
colega com seus olhos postos na TV e cuspindo seus marimbondos vermelhos.
Com o editor de Artes foi lacônico.
O cara, quase sempre amargurado, estava transbólico. Não me perguntem o que vem
a ser transbólico, porque exatamente o meu colega visitado é quem saberia dizer
alguma coisa a respeito. E ele, na conversa de pouco mais de treze minutos,
limitou-se à:
- “Tô sem interesse”...
Acreditei que poderia com o
ficcionista obter melhor acolhida. Fui recebido calorosamente e quando lhe
perguntei se estava produzindo ele me disse que a realidade já teria suplantado
qualquer estória que se possa inventar.
- “As pessoas não encontram nas estórias
algo que as prenda mais do que lhe contam dos fatos do cotidiano. Observar e
viver o que se passa tornou-se muito mais interessante, dramático, aventureiro
e adrenalítico do que qualquer conto ou romance, peça de teatro, filme, que
tais”.
Capitulado e sem saber o que fazer
para energizar o blog, embora não tenha a menor responsabilidade por isto
contemplada no Termo de Compromissos Editoriais, recebo em casa o velho, avô
babão, aquele que tenta através de suas historinhas marotas com seus netinhos
desimportantes dizer qualquer coisa.
- “Pô, cara, num vejo a hora”?
- “De quê”?
- “Falei com Noninha no face ontem
e ela me disse para eu levar muita roupa de frio e botas.”
O velho babão embarca para Lages –
SC amanhã para a primeira visita aos netos que se foram em mudança com os pais
há coisa de uns vinte e poucos dias, sei lá.
- “E os daqui”?
- “Antônio começa a falar e Helena,
por favor, não espalhe, está maravilhosa”!
- “Vê se traz alguma estorinha
bacana”... Apelei.
É, este blog agoniza.
Até breve.
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