quarta-feira, 24 de agosto de 2016

DEPRÊ



Acho tudo balela. Essa história de que fiz o meu máximo. Superei meus temores, meus fantasmas. Domei meus grilos. Embromation, crystal.

No vamovê a pessoinha é aquela mesma ali e, mesmo que tenha até aparentado, no realzão, bronhas.

Ninguém é mais ou menos que a história, e ela, a História, acaba porque muito pouco sobra. Afinal já lá se vão mais de milhares de anos de excepcionalidades temporais. E, delas, nem registro.

Para quem tá aqui no suposto presente, até se alarde, mas nada que um ou dois meses não encubra. Até porque são tantos os novos exemplares célebres que nada permanece.

Tudo é desnecessário e efêmero.

Parece mesmo, como querem alguns iluminados e respeitados cientistas, que estamos “evoluindo” à máquina, isto é, em breve seremos “coisa”.

Os sentimentos, por exemplo, como têm se alterado de uns tempos para cá. Seus efeitos, então, nem me fale. Nada que comova, implica.

Veja as inúmeras guerras em curso, os desastres naturais e os desnaturais, os crimes mais do que hediondos desalmalizados, veja a seara política aqui como lá, veja a música, a literatura, o cinema, as artes.

Veja os motivos, os sonhos, a utopia.

A Ética.

Há no oitavo episódio da série da Netflix, House of Cards, uma cena que me deu esse incômodo. O protagonista, Deputado Frank Underwood, discursa na solenidade em que o prédio da biblioteca da faculdade em que ele se formou passa a receber o seu nome.

“Nada é permanente, nem mesmo este prédio.
Harmonia, essa é a palavra que não sai de minha cabeça.
Não se trata do que é duradouro ou permanente. Trata-se de vozes individuais unindo-se em uníssono por um momento.
E aquele momento tem a duração de um fôlego.
É isso que penso de meus tempos aqui.”

Informo àqueles que não acompanham a série de que Frank é a melhor expressão do político facínora.

Pois é.



Até breve.

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