Hoje, desocupado de netos,
sobrou-me esse sábado em Santa.
Tô descascando um texto recomendado
por uma amiga virtual de nome estrábico que me leva a supor ser das bandas de
uma croácia, talvez suécia, quem sabe das polônia. Importa pouco onde ela decegonhou.
A Mente Esquerdista – As causas psicológicas
da Loucura Política, do Dr. Lyle H. Rossiter, médico psiquiatra da Universidade
de Chicago.
“Os governos sempre declaram que seus propósitos são a proteção dos
direitos das pessoas e a manutenção da ordem social, mas mesmo com a melhor das
intenções, eles violam rotineiramente os direitos dos indivíduos e desorganizam
a ordem que deveria proteger.”
“Em vez de promover uma sociedade racional de adultos competentes, que
resolvem problemas através de cooperação voluntária, a agenda esquerdista
moderna cria uma sociedade irracional de adultos infantilizados que dependem
dos cuidados do governo para com eles. Em seus esforços constantes para
coletivizar os processos econômicos, sociais e políticos da sociedade, a agenda
esquerdista enfraquece os traços de caráter essenciais para a liberdade
individual, a segurança material, a cooperação voluntária e a ordem social.”
“A agenda esquerdista despersonaliza, e até mesmo desumaniza, os cidadãos
quando exalta a bondade de um “todo” abstrato sobre a soberania do indivíduo,
que deve estar assim subordinado aos fins coletivos do Estado. De fato, para o
integrante do governo imerso nos propósitos coletivistas, seres humanos são
coisas a serem dominadas; são meros meios para atingir fins.”
“A ascensão da agenda esquerdista ao poder resultou de um significado
particular atribuído ao governo pelos povos das sociedades ocidentais, a saber,
que o Estado é uma fonte da qual se satisfaz os anseios do povo por formas
diversas de cuidado paternal. Como resposta ao convite dos políticos
esquerdistas, as pessoas agora pedem a intervenção do governo em todos os
principais setores da vida; creches, educação pública escolar e pré-escolar,
educação sexual, regulamentação dos empregos, segurança ocupacional, qualidade
e confiabilidade de produtos, regulamentação da moeda e dos bancos,
regulamentação de remédios e alimentos, políticas de saúde, compensação por
deficiências pessoais, segurança por aposentadoria, etc. Diante do clamor das
pessoas, os oficiais do governo têm se tornado administradores do cuidado
paternal, da proteção e das indulgências, desde o berço até o túmulo. Os políticos
que se identificam com esses anseios e os exploram em forma de legislação e
propaganda de campanha têm desfrutado de grande sucesso nas urnas. Mas o custo
da infantilização das pessoas é uma ampla deformação de sua competência.”
Um revoadaço de gorjeios
esverdeados das maritacas que visitam nossas palmeiras de maio a agosto espargiu
minha concentração e, então, coloquei de lado o livro e fui beber uma água e
destrebuchar um pouco as articulações.
Nisso li no WhatsApp mensagem de um
amigaço versando sobre um tema relevante: sexo na velhice. Bebi mais um copo
bem cheio de água.
Depois zapiei um pouco o tal de
face, este horror. Lá achei recomendação do Humberto Werneck para ler a crônica
do Sérgio Augusto no Estadão. Fui pro computador e li a coisa. Sérgio comenta o
livro de um americano de origem turca chamado Jarett Kobek, que mora em Los
Angeles e conhece intimamente o Vale do Silício. Título: Eu odeio a internet.
Subtítulo: Um romance salutar contra os homens, o dinheiro, e o lixo do Instagram.
Escreve Sérgio: “De saída, antes mesmo de introduzir seus
personagens e salientar que I Hate the Internet não passa de “um romance ruim”,
Kobek relaciona as suas tangentes: o capitalismo, o terrível fedor de homens,
os anacronismos históricos, as ameaças de morte, a violência, o bullying, a
servidão humana, o racismo, os modismos culturais de massa, o desespero, o desabrido
deboche dos ricos, as agressões sexuais, o epicurismo yuppie, o culto às
celebridades, a indústria dos quadrinhos (e seu mártir número um, Jack Kirby,
figura central de uma indignada, mas, paradoxalmente, serena reflexão sobre os
comics e os magnatas que à sua custa enriqueceram), a ficção científica, o 11
de setembro.
Não se esgotam aí as tangentes do autor. Kobek também se refere e às
vezes divaga sobre a morte do intelectualismo, o tratamento dispensado às
mulheres numa sociedade misógina, o populismo, o paganismo neo-helênico, a vida
sexual de Thomas Jefferson, o genocídio, a filosofia objetivista de Ayn Rand,
as guerras injustas no Oriente Médio, o casamento interracial, a postura
arrogante dos millenials e a melancólica trajetória dos que vão para a
Califórnia morrer. Tudo se imbrica como num misto de looping e quebra-cabeça.”
Já passou a hora de encerrar este
post e ainda tenho sábado. É que de repente toca o telefone. Uma amiga-irmã, às
lágrimas, veio me dizer que a trupe da qual participa sua filha, a adorável
Alice, acabara de vencer em Madri uma maratona de balé com quarenta companhias amadoras concorrentes.
Aí, feliz, deu. Só de podia de nos acabamentos chamar o Guimarães Rosa:
“O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro,
mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre
era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa
nenhuma.”
Até breve.
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