quinta-feira, 16 de junho de 2016

INSTÂNCIA



Senhor,

Coloco-me diante de sua onipotência, onisciência, e demais prerrogativas que o fazem o Supremo Poder entre todos os poderes.

Sei que são inúmeros os seus afazeres divinos, especialmente, suponho, neste desprezível pedaço integrante do Universo de sua Criação, o Planeta Terra. Nele imensos problemas de toda ordem, profundidade e magnitude são gerados principalmente por uma de suas mais expressivas criações que é o elemento humano.

Sei que, entre estas mazelas terrenas, existem inúmeras outras muito mais importantes e merecedoras de sua atenção do que aquela que, humilde e desesperadamente, trago ao Senhor.

O que Sua Criatura anda fazendo neste insignificante Planeta do Cosmos não deve estar Lhe agradando muito.

Em que pese tudo isto, gostaria que olhasse especialmente para o nosso país. Sei que é um pedido fundamentalmente egoísta, mas, por favor, peço que considere. Envolve a busca pela felicidade de mais de duzentos milhões de pessoas.

A maior parte destas pessoas tem procurado, pela via de seu esforço pessoal e com honestidade, reunir as condições para a sua sobrevivência e desenvolvimento. São cumpridoras de seus deveres cívicos e morais, contribuintes com o Estado para que o mesmo retorne em serviços principalmente de segurança, saúde e educação.

Há, no entanto, uma classe desprezível que há centenas de anos, desde a descoberta destas terras vem se locupletando em engenhosas trapaças construídas e protegidas por extenso e intricado arcabouço jurídico e institucional, produzidos pelos próprios, que só fez grassar a impunidade, marca determinante na desesperança de todos os cidadãos de bem.

Nos últimos anos há um princípio de conscientização, indignação e revolta de alguns que buscam serem apoiados em seu afã de verem essa classe espúria julgada e banida da sociedade.

O Senhor, em sua infinita misericórdia e bondade, pode nos ajudar, não?

Ou devemos passar a crer que a anedota que inventamos que envolve o Senhor como protagonista, não é senão o reconhecimento tácito da nossa tragédia? Estas maravilhas que o Senhor nos legou não se constituem como o próprio paraíso por força do “povo” que o Senhor reservou colocar aqui compondo sua arquitetura do Universo.

Senhor tenha compaixão de nós.

Nos dê uma chance de nos salvarmos deste carma trágico, mesmo que para tal tenhamos que sofrer amarguras nunca dantes experimentadas. Em mim o Senhor pode confiar que estou disposto a todas as provações e aberto ao Senhor para todas as privações que o Senhor vir a determinar para o advento de uma nova era.

Depois de ter escrito cartas aos poderosos, confesso que até me suicidei, apiei de trens descarrilhados, quis abandonar tudo.

De qualquer forma, contudo, achei que ainda valia a pena recorrer-me a Ti.

Senhor escutai a nossa prece.



Até breve. 

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