Urge recuperar a sanha contra a
anorexia poética. A Vida não é feita apenas de tenebrosas realidades. Viver
merece cuidado no olhar.
Mesmo que breve há os netos em
estado de infância praticante. Nada mais comparado com uma lindura extrema.
Helena, Antônio, Valentin e Liz. Também há os filhos, essas dádivas!
Amigos que estiveram comigo ontem
para tomar um vinho (eles) e comer um delicioso capelete feito por Ela.
Sobremesa suflê de chocolate que trouxemos da Dinamarca e, de quebra, um Vinho
Santo, trazido da Toscana da Vinícola Antinori Chianti.
Boa prosa com gente que está marcada
por um afeto há décadas. Doido como os assuntos se blendam, alternando com um
de um-tudo, passando até pela dúvida se vivemos o bastante para dizer que
valeu. Talvez porque eu, na quinta, tenha entrado na faca.
“Eu, por mim, fosse hoje, tá beleza!”, disse uma das amigas. “Agora, se ele for primeiro, aí vai ser foda.”
Arrematou olhando para o marido que, acho, acreditou.
Uma outra, não. Não gosta do tema
da morte. E o assunto derivou para sexo. Aí, já viu, uma mão de dedos é
suficiente para medir performance. Não falo em que período.
Falamos de música e eu, com o meu indisfarçável
pessimismo, fui contestado. “Você diz
isso porque não conhece o que anda rolando no mercado alternativo. Tem coisas
lindas!”
Não sei exatamente porque, mas não
falamos mal de ninguém, ontem. Embora minha memória seja péssima, acho que foi
se não a única, mas uma das poucas vezes que amigos ausentes não entraram na
roda de maledicências.
Lavei, enxuguei e guardei a louça
com um prazer bobo.
Fui dormir. Passei melhor a segunda
noite pós-cirurgia nos fundilhos. Não digo o nome da coisa em respeito a uma
das amigas presente no jantar. “Na minha
casa era proibido falar esse nome, meu pai proibia. Para ele era palavrão.”
Hoje, agora cedo, liguei o
computador pensando em postar. Acessei, como de praxe, dois horóscopos.
O primeiro: “Lua em seu signo hoje e amanhã. Dica especial dos céus para você
reservar este fim de semana para se cuidar, mimar e se entender melhor. O mundo
precisa aguardar esse momento seu, quando irá recarregar suas baterias”.
O segundo: “E se o fim de tua breve existência fosse daqui a alguns instantes? Que
farias para aproveitar o tempo de expressão que ainda te resta? Pensa nisso
todos os dias, pois o momento do Universo que tua presença representa é breve e
cada respiração te aproxima do fim. Se por desventura imaginas que essas
afirmações sejam trágicas demais para figurarem num texto de astrologia, segue
teu caminho e continua imaginando que é possível aproveitar o tempo existencial
sem pensar no fim. Aquilo que tu és depende menos do que viveste no passado e
mais do que ainda tens potencial de experimentar. O tempo não é apenas um rio
que te empurra vindo do passado, é também um futuro que te chama para que o
abraces. Por isso, é inevitável que penses na tua morte, tu te encontrarás com
ela.”
Pois é.
Hoje tem festa junina na escolinha
da Liz. Antes vou passar no lançamento do Barreto: O Livro das Simpatias. Depois vou para Santa Luzia.
Assim, vivendo, aos bocadinhos.
Até breve.
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