Em 16 de junho de 2014 editei o
post DESARRANSHUAAAA. Foi para
fazer um registro de uma crise de diarreia-ninja, tipo cachoeiras de interiores
amplas, gerais e irrestritas.
Como consequência aflorou algo em
meus fundilhos que nunca mais foram os mesmos. Amanhã, depois de muito
negligenciar, entro na faca para reparos.
Assisti ao filme Nise – O Coração
da Loucura. Muito bom, face à dificuldade em narrar a história de vida da
mulher que inspirou o roteiro para a fita.
Nise volta a trabalhar em um
hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão. Ela,
então, propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem
esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e a lobotomia.
Como processo terapêutico a médica
adota a arte junto a um grupo de internos e os resultados alcançados são
surpreendentes e implicam no interesse de Mario Pedrosa a ponto de levar o
crítico de arte a montar uma exposição com as obras dos clientes da Dra. Nise.
O que tem diarreia a ver com
loucura?
Nada, a princípio.
Porem há uma fala de um dos
internos, transformado em artista, que me fez pensar. “Eu continuarei pintando
aqui no engenho de dentro.” Durante a fala ele aponta com os dois dedos indicadores
para a cabeça, deixando a mensagem dúbia já que o hospital era no bairro
Engenho de Dentro da cidade do Rio de Janeiro.
Em outra cena a Dr. Nise declara
que o processo trouxe os internos para algo útil e uma vida melhor mesmo em
relação àquela que tinham antes de serem hospitalizados.
Muito bem.
Toda nossa produção necessariamente
tem que ter uma utilidade. O grande mérito da Dra. Nise foi resgatar seres em
estado de tragédia humana absoluta para o mundo dos vivos.
Viver em estado de normalidade é, fundamentalmente,
ser útil. Caso contrário, eletrochoque ou lobotomia.
Exagerando me pergunto se a
contemporaneidade não tem feito algo nessa linha. A tecnologia, especialmente
aquela embarcada em smarts, ou a maioria daquilo que se produz e que se nomeia como
cultura.
Somem-se a isto os currículos escolares
de todas as graduações, os programas de entretenimento na TV, o maior número de
títulos de livros publicados, as crônicas versando sobre diferentes temas nos
maiores jornais do país.
Diarreia.
A loucura fica por conta daqueles
que ainda insistem, solitários, descerebres, no artes anal engenho de dentro
algo que de fato valha a pena.
Obrigado pelos votos de boa sorte.
Até breve.
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