quarta-feira, 22 de junho de 2016

ESIN



Em 16 de junho de 2014 editei o post DESARRANSHUAAAA. Foi para fazer um registro de uma crise de diarreia-ninja, tipo cachoeiras de interiores amplas, gerais e irrestritas.

Como consequência aflorou algo em meus fundilhos que nunca mais foram os mesmos. Amanhã, depois de muito negligenciar, entro na faca para reparos.

Assisti ao filme Nise – O Coração da Loucura. Muito bom, face à dificuldade em narrar a história de vida da mulher que inspirou o roteiro para a fita.

Nise volta a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão. Ela, então, propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e a lobotomia.

Como processo terapêutico a médica adota a arte junto a um grupo de internos e os resultados alcançados são surpreendentes e implicam no interesse de Mario Pedrosa a ponto de levar o crítico de arte a montar uma exposição com as obras dos clientes da Dra. Nise.

O que tem diarreia a ver com loucura?

Nada, a princípio.

Porem há uma fala de um dos internos, transformado em artista, que me fez pensar. “Eu continuarei pintando aqui no engenho de dentro.” Durante a fala ele aponta com os dois dedos indicadores para a cabeça, deixando a mensagem dúbia já que o hospital era no bairro Engenho de Dentro da cidade do Rio de Janeiro.

Em outra cena a Dr. Nise declara que o processo trouxe os internos para algo útil e uma vida melhor mesmo em relação àquela que tinham antes de serem hospitalizados.

Muito bem.

Toda nossa produção necessariamente tem que ter uma utilidade. O grande mérito da Dra. Nise foi resgatar seres em estado de tragédia humana absoluta para o mundo dos vivos.

Viver em estado de normalidade é, fundamentalmente, ser útil. Caso contrário, eletrochoque ou lobotomia.

Exagerando me pergunto se a contemporaneidade não tem feito algo nessa linha. A tecnologia, especialmente aquela embarcada em smarts, ou a maioria daquilo que se produz e que se nomeia como cultura.

Somem-se a isto os currículos escolares de todas as graduações, os programas de entretenimento na TV, o maior número de títulos de livros publicados, as crônicas versando sobre diferentes temas nos maiores jornais do país.

Diarreia.

A loucura fica por conta daqueles que ainda insistem, solitários, descerebres, no artes anal engenho de dentro algo que de fato valha a pena.

Obrigado pelos votos de boa sorte.



Até breve.

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