Queridos companheiros,
Permitam-me trata-los assim aqueles
com os quais divido o pão simbólico da esperança em um mundo melhor. Um mundo
em que não seja caracterizado pelo profundo abismo de desigualdade social. Um
mundo em que seja possível a harmonia e a paz entre todos os homens de boa vontade.
Dirijo-me aos meus queridos
parentes e amigos com os quais tenho o privilégio do convívio mais íntimo e
restrito e também àqueles distantes por quem nutro um imenso respeito e
gratidão pelo gosto ao saber e à poesia.
Dirijo-me àqueles que pelo amor à
justiça, ao bem, à causa da superação humana, aos desvalidos, aos menos
favorecidos pela sorte, aos excluídos pela natureza de cor, opção sexual,
religiosa, enfim a todos aqueles apaixonados e íntegros na defesa dos mais
fracos e oprimidos.
Dirijo-me a todos aqueles com os
quais me assemelho.
Dirijo-me à Pretinha, minha filha,
que tem por força de seu dever de ofício na seara da saúde mental, convivido diariamente
em seu consultório com nossa tragédia social e que, também por força disto,
simpatizado com determinado alinhamento político.
Dirijo-me à Marilda Castanha, minha
vizinha, a Humberto Werneck, Chico Buarque de Holanda, Luiz Fernando Veríssimo,
Vladimir Safatle, Fabio Konder Comparato, Letícia Sabatella e a tantos outros
luminares da cultura, das artes, da filosofia, por quem nutro profundo respeito
e admiração intelectual.
Convido-os à reflexão. É imperiosa
e inadiável a tarefa de reconhecer que fomos traídos por algumas pessoas que se
apropriando de nossos ideários e discursos, recebedores de nossa irrestrita
confiança expressa em nosso maior valor democrático - o voto soberano –
denegriram e violentaram nossos maiores sonhos de mudança.
É preciso extirpa-los para que com
eles não se percam os nossos ideais revolucionários. Estes que mancharam, por
interesses escusos e inconfessáveis, que nos fizeram de escudo pela nossa
lisura e paixão desmedida para se locupletarem em ganhos advindos de vergonhosa
e imunda trapaça.
É preciso deixa-los a mercê de seus
crimes hediondos, bani-los da História, sob pena de perder com eles a chama da
defesa de nossos ideais mais nobres. Apesar de favorecer circunstancialmente aos
oportunistas de plantão, que lentamente também serão julgados, vamos recuperar
de vez nossa fé e determinação na luta que sempre pautou o nosso espírito.
É preciso fazer compreender àqueles
que se deixam levar pela avalanche do que negam o que está verdadeiramente em
jogo. Não podemos no afã de defender lideranças espúrias, condenar nossas
instituições pelas quais tanto trabalhamos e que precisamos dar crédito e fortalecer.
É hora da razão, do equilíbrio, da
serenidade e da vigilância. Somos todos protagonistas de uma nova realidade
brasileira, e precisamos confiar que vamos tirar desta amarga experiência uma
lição definitiva.
Os fatores que outrora marcaram
nossa conduta política caducaram. A ideologia de que somos condenados a ser por
força do imperialismo americano ou bestializados por uma mídia programática
tornou-se ridícula, patrocinada por delirantes.
Não vamos nos pautar pela tensão e
imediatismo, vamos seguir na defesa das instituições, nos preceitos
constitucionais e no império da Lei, rechaçando práxis que com o exclusivo interesse
de vitimá-las as colocam em questão.
Hoje o que faz opinião e determina
o curso dos fatos são as redes sociais trazidas à tona por uma juventude que
nega mecanismos de opressão e deslavada mentira.
Nossos jovens estão ocupando o que
é, por direito e conquistas, nosso. Nossas escolas, nossas casas legislativas,
nossa causa.
Vamos ombrear pelo que está por vir
e lutar sim por um tempo em que jamais sejamos traídos de forma tão cruel como
fomos por estes que precisam passar seu ocaso no cárcere.
Vamos conduzir nossa conduta com
faróis altos, com uma visão de longo prazo, já que não é uma tarefa para anos,
mas para décadas. Mas vamos continuar agora.
Por nossos netos.
Até breve.
Agulho,ser citada no seu post desta semana foi uma surpresa feliz! e ser sua vizinha e amiga é mesmo uma grande alegria para mim. Comungamos do mesmo sonho: um país onde não só nossos filhos e netos terão direitos garantidos, como tambem filhos e netos de quem ainda não os tem. Não sei se o próximo governo conseguirá isto. Mas continuaremos a lutar por isto. E concordo com você quando diz que teremos que vigiar, acompanhar. E nesta vigília, mesmo se discordarmos em um ponto ou outro, estaremos juntos. Deixo meu grande abraço! Marilda Castanha
ResponderExcluirAgulho,ser citada no seu post desta semana foi uma surpresa feliz! e ser sua vizinha e amiga é mesmo uma grande alegria para mim. Comungamos do mesmo sonho: um país onde não só nossos filhos e netos terão direitos garantidos, como tambem filhos e netos de quem ainda não os tem. Não sei se o próximo governo conseguirá isto. Mas continuaremos a lutar por isto. E concordo com você quando diz que teremos que vigiar, acompanhar. E nesta vigília, mesmo se discordarmos em um ponto ou outro, estaremos juntos. Deixo meu grande abraço! Marilda Castanha
ResponderExcluirSeu comentário me enche de alegria por contemplar: “continuaremos a lutar por isto”. Aqui reside a conduta que Ariano Suassuna defendia. Entre a resignação e a indignação ele recomendava que optássemos pela esperança ativa. Sua atuação como intelectual, pela qual tem sido agraciada, é indispensável e a mim orgulha profundamente. A Utopia está logo ali... Adiante.
ResponderExcluirAcima de qualquer ideologia devemos valorizar, sempre, a correção no trato com o bem comum.
ResponderExcluirPerfeito, Lidio.
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