Em artigo na Folha Vladimir Safatle
escreveu: Nós acusamos. Prefiro atribuir o texto ao cidadão Vladimir e não ao
filósofo Safatle. Penso que à Filosofia não cabe “acusar” no sentido de
apontar, cabe antes interpretar, quando possível, nuances. A máxima filosófica
socrática contempla: “A única coisa que sei é que nada sei.”.
Não fosse assim a Filosofia não
seria considerada a mãe de todas as ciências. O que move o espírito amante do
saber é sempre aquilo que ele ignora. Daí a razão de todas as descobertas: a
ignorância.
Daí, talvez e também, a razão pela
qual quando pessoas afirmam por demais suas convicções usando muitas vezes de
forma bélica, as nomeamos como ignorantes.
Outra máxima filosófica (não tenho
a autoria, isto é, não sei quem foi o autor) provoca: “A mentira tem pernas
curtas.”.
Quero partir de ambas, da minha
ignorância e da máxima da Verdade, e lofisofar.
Penso que a tese e estratégia de
defesa da Presidência da República podem ter sido formuladas de maneira
equivocada. Senão observemos, se alguém ainda reúne paz e ciência para tanto:
1. O processo do
impedimento está viciado já que conduzido por parlamentar que usou de vingança
mórbida além de desvio de finalidade e responsabilidade.
NOTA: É
como matar o emissário quando não se quer aceitar a mensagem. No caso pelo fato
de que o emissário estar mais sujo que pau de galinheiro (enunciado lofisófico) e ser unanimidade nacional.
Por outro lado negar os gritos de milhões bradados a partir de junho de 2013.
2. Trata-se de
um processo sem legitimidade, um atentado contra a Constituição, portanto um
Golpe.
NOTA: Até o
pobre do Francisco foi demandado e, como era de se esperar, sugeriu a harmonia
e a paz entre os brasileiros. Nada mais regular (chancelado pela Suprema Corte)
e pacífico do que as manifestações de todos nós ao longo do processo.
Comparações com 64 são tolas, ali o Congresso foi fechado, portanto o povo foi
tirado do processo.
3. Não ocorreu
crime de responsabilidade. Aceitar que tenha ocorrido é, necessariamente,
condenar a todos os governantes que também o praticaram.
NOTA: Não é possível que sejamos todos ignorantes (latu sensu) e não entendermos minimamente que, fosse assim, poderia eu justificar a justa razão de meus crimes por que outros também as tiveram. Aliás, é exatamente por isto que clama a sociedade: quando da ocorrência de crime, que todos sejam punidos com o rigor da Lei.
NOTA: Não é possível que sejamos todos ignorantes (latu sensu) e não entendermos minimamente que, fosse assim, poderia eu justificar a justa razão de meus crimes por que outros também as tiveram. Aliás, é exatamente por isto que clama a sociedade: quando da ocorrência de crime, que todos sejam punidos com o rigor da Lei.
4. A
presidente é uma mulher honesta.
NOTA: Mesmo
que seja, porque pairam dúvidas, ela não está sendo julgada por conduta moral,
mas por prática delituosa prevista em Lei.
5. O
vice-presidente é um oportunista, traidor.
NOTA: Mesmo
que boa parte de nós não ignoremos esta possibilidade, ele teria sido escolhido
para ocupar a chapa e ajudar a vencer as eleições. Há outro problema: a
Constituição Federal assim o determina.
Juro que não volto a este assunto. Formulei aqui apenas para
recomendar aos filósofos e estrategistas da presidente - sim porque ainda ela o
é senão não teria moradia, transporte, alimentação, plano de saúde e outros benefícios
- melhor que mudem para a elucidação dos fatos.
Por exemplo, entre tantos outros:
1. Reconhecer
que ocorreram equívocos sérios como a expressiva desoneração fiscal que
transferiu recursos vultosos de empresas transnacionais para os seus países de
origem;
2. Reconhecer
que a expansão de crédito criou bolha de consumo fictícia muito para além da
capacidade de pagamento de seus tomadores;
3. Reconhecer
a negligência com os fragrantes desvios nas empresas públicas e na contratação
de obras de infraestrutura, especialmente aquelas destinadas à realização da
Copa do Mundo, diga-se de passagem, algumas até hoje inacabadas ou, pelo menos
uma aqui em BH que desabou transformando R$460 milhões em pó;
4. Aceitar que
omitiu da sociedade, por ocasião do período eleitoral, a verdadeira situação
das finanças públicas;
5. Justificar que
a necessidade de investir de maneira maciça em programas de alto impacto social
se deu com vistas a manter o projeto político de defesa aos mais necessitados e,
portanto, para vencer as eleições de 2014;
6. Reconhecer
que, tendo perdido base de sustentação parlamentar, não tiveram condições e nem
competência para vir à sociedade e denunciar o boicote ao governo com inúmeras
pautas-bombas que travaram todas as possibilidades de governança.
Como disse, juro que não volto a
este assunto, mesmo sabendo que mentir torna-nos cada vez mais ignorantes. Latu
sensu.
Até breve.
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