domingo, 29 de maio de 2016

KING



Ela em Miami a visitar parentes.

Meus filhos e netos no BH. Ontem passaram todo o dia comigo em alvoroças, gritos, traquinagens, gangorras, tintas, esconde-escondes e tantas.

Eu aqui no Santa Luzia, só, com a vista fora para os verdes e outros de tanta boniteza. Bastava. Se tem felicidade era isto, por que de quê mais? Mas quem disse que felicidade é torpor? Quietude? Vista sobre as bonitezas?

Tenho amiga querida que me diz, sempre: “Larga de ser angustiado, rapaz! Faz como seus amigos: se liga no foda-se”!

Noninha me pede para mudar do “reportem” para filme: Cinderela, Rapunzel, Peppa... Pretinha me acusa e denuncia, “sai do face”.

O silêncio colorido por maritacas, canários e outros gorjeios, ao longe uma musica qualquer de um vizinho amante.

Eu aqui com os meus idaís.

Daí que eu quero acreditar, por crédito nos desdobramentos, por fé no homem, fé na vida, fé no que vier. Torcer para que afinal tenhamos a coerência ansiada pelos humildes, pelos necessitados de justiça, pelos tantos cumpridores de sua modesta e extraordinária tarefa.

Daí que eu quero que os satrápias se auto-golpeiem, busquem todos os tribunais e sucumbam no mar de vilanias, que milhões de captadores de imagens e sons os gravem com seus dentes verdugos sobre a pátria desperta, que grita o eco de ruas.

Quero muito que tenhamos alguma chance.

Ver Martin Luther King vivo em seu igual de cor e pensar que a luta não é nunca em vão, ao abraçar o ex-inimigo vitimado por imensa torpeza humana. Esse presidente americano deveria ser negro, para mostrar que a bandeira da paz não tem cor, mas essência, que contém todos os matizes da diversidade.

Obama podia mais em Sírias e em tantos outros que desaguam sobre europas. Obama podia em Venezuelas, Honduras, Áfricas distantes, Obama Luther Francisco podia em Coréias, em todos os cantos onde ainda grassa hecatombe da mísera ganância e atrocidade que a raça ainda é capaz de destilar.

“Eu tenho um sonho.”

Essas quatro palavras quimicamente perfeitas para nutrirem os grandes líderes. E permanecer nelas, ainda que tudo sinalize o contrário. Mesmo que a cada dia trinta ou mais violentem, seviciem, concreta e simbolicamente o lugar do mais frágil, do indefeso, daquele que acolhe.

Não vamos nos curvar à barbárie e nem à mediocridade do que governa, não vamos nos armar de fogos, nem de represálias fundadas na violência com a qual nos atacam. É preciso ter inteligência, paz e ciência.

Como em um filme americano: vida de mocinho é difícil, mas de bandido é pior porque morre no final.



Até breve.

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