quinta-feira, 26 de maio de 2016

JUNHOS



Em 14 de junho de 2013 escrevi no post RESPÚBLICA:
“Movimento orquestrado por jovens alucinados, estudantes secundaristas e universitários, professores, pedagogos, jornalistas (um inclusive do portal APRENDIZ), integrantes de um grupo de ajuda social a milhares de desassistidos e que abraçaram agora a causa pelo debate sobre o aumento das tarifas.
O governador nomeia o movimento de político e organizado por uma minoria. O povo sempre foi minoria e é nele que reside a essência de haver Política. Jamais foram as massas que mudaram o status quo. Meia dúzia de demoníacos cérebros e corações apaixonados por um ideal que conscientizaram, iluminaram e incendiaram causas libertárias é que fizeram História e arrastaram multidões.
Meninos voltem para seus lares. Deixem estas ideias revolucionárias no esquecimento. Amadureçam. Tornem-se cidadãos de um mundo desinteressante e sem sentido, onde tudo deve mudar para ficar do mesmo jeito.
Aproveitem as Copas nos imensos telões instalados em praças públicas ou em bares. Embriaguem-se. Torçam pelo que é determinado torcer. Nós seremos hexa.
E tudo continuará como dantes.
A ordem imperará.”


Nascia ali a maior revolução social neste país de que se terá notícia.


No post ALVO de 16 de junho de 2013, escrevi:


“A quem foram endereçadas as vaias de ontem no majestoso estádio de Brasília, quando da abertura da Copa, repreendidas laconicamente pelo presidente da FIFA como falta de fair play?

A quem? À pobre mulher de trejeitos palacianos que representa a figura tosca de um poder que agoniza, estéril e frágil, aqui como em qualquer outro limite territorial que ainda insistimos em nomear como país ou, se preferirem, nação?

As vaias foram para Dilma, aquela pessoa, refém de suas circunstâncias históricas, que vive solitária em Alvorada trocando confidências e segredos com suas anciãs (mãe e tia) de confiança?”

Em 18 de junho de 2013, registrei no post TAÇA:

“Ontem o Estado saiu de cena. Deixou que a anarquia se estabelecesse sem contornos. Tinha gente à beça, pacificamente às dezenas e centenas de milhares ocupando os largos urbanos. Bonito de se ver.
Há algo que me encanta ainda. Os partidos políticos foram colocados, todos, em seu devido lugar. Manifestantes protestaram quanto à intervenção de bandeiras partidárias flanando entre eles. Gritavam: Pedágio!!! Pedágio!!! Essa parte é antológica.

Posso estar enganado ou declaro aqui o meu mais caro desejo. Isso vai crescer. Porque é preciso que cresça. Ninguém sabe muito bem o que deve, como, com quem e sob que instituições fazer. Mas há o vírus da demanda descontrolado e ocupando as mentes e corações de muitos.

São inúmeras as demandas reprimidas, incontáveis frustrações, perversas traições às expectativas, achaques, zombarias, vergonhas legislativas, executivas, judiciárias. Seguramente o povo, a sociedade sempre foi superior a tudo isto. Só que agora vai às ruas e aos estádios para dizer: “Basta!”.

Em 19 de junho de 2013, o post FAÍSCA refletiu:

“Não é possível saber exatamente o que está acontecendo, porque ainda está por acontecer e ninguém pode precisar o que virá. Não acredito, porque prefiro não acreditar, que este algo adormeça. E também sofro com a possibilidade de, com a extensão que isto possa vir a ter, o Estado regulador voltar à cena com poderes discricionários para vigiar e punir.

Ontem a presidente, em discurso em evento sobre os marcos regulatórios da mineração, disse que devemos escutar os apelos das ruas contra os descasos,  a corrupção e a destinação dos investimentos públicos. Agora?

Os políticos profissionais estão assustados com seus representados, provavelmente inconformados pelo fato de seus eleitores estarem atrapalhando a sua prática representativa.

Tragicômica a saída, fortemente escoltada, ontem à noite, de senador vitalício e ex-presidente casual pelas portas dos fundos do Congresso Nacional. Eles têm horror de povo.”

No post TRAÇO de 20 de junho de 2013:

“Jovem iluminado e de um discurso breve e contundente, o rapaz interpelado pela repórter como um dos líderes do MPL foi logo dizendo: “Olha, deixe-me esclarecer um ponto. Eu não sou líder do MPL mesmo porque o MPL não tem lideranças. É um movimento horizontal”.

Eu posso estar enganado com o que o menino da reportagem quis nos trazer. O movimento que está nas ruas é horizontal, linear, aberto e por si próprio será capaz de encaminhar demandas que, se não atendidas, só o tempo dirá o que poderá advir.

Se bem entendo o que está nas ruas, e é preciso que se desenvolva, é um novo modelo de relações sociais de poder de governança. Deliberar não deverá permanecer como um ato solitário de um governante respaldado por estruturas institucionais, mas algo que deverá ser trazido aos principais afetados para que se estabeleça a melhor decisão.”

Em 23 de junho de 2013, no post  ENTREMENTES publiquei:



Em 25 de junho de 2013, há três anos atrás, no post SE:

“Talvez a História tenha nos reservado a oportunidade de, agora, construirmos um futuro. Quê futuro? O próximo tempo nos dirá.

E será breve porque o povo está com pressa.”

O post de hoje me anima a editar em livro os posts nos quais tratei do desenvolvimento dos fatos sociais e políticos ocorridos desde o inesquecível junho de 2013. Talvez o faça às margens das eleições presidenciais de 2018.

Por quê somente em 2018? Há muito ainda a registrar até lá. Senão vejam notícias de hoje publicadas no Estadão.



“O avanço da negociação do empreiteiro Marcelo Odebrecht com a força-tarefa da Operação Lava Jato e a delação de Sérgio Machado fizeram crescer ainda mais dentro do PT a desesperança com a volta de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto, mas motivaram líderes do partido a ressuscitar a tese da implosão do sistema político, que culminaria na convocação de novas eleições ou até nas discussões em torno do parlamentarismo. 

Líderes do PT e ex-ministros da petista afirmam que Marcelo Odebrecht, preso desde o ano passado em Curitiba, deve dar detalhes e fornecer provas sobre as contribuições do conglomerado de empresas às campanhas de Dilma Rousseff em 2010 e em 2014 capazes de enfraquecer a tese de que ela foi vítima de um “golpe”, hoje a principal e quase única estratégia de defesa de Dilma e do partido”.

E, em: ELEIÇÕES

“O ex-presidente Lula defendeu em reunião com senadores do partido que, se reassumir o mandato, Dilma deve pedir um plebiscito para antecipar as eleições presidenciais. Raciocina que Dilma não terá força política para concluir o governo e isso inviabilizaria o partido numa disputa só em 2018. Ontem, Lula e senadores estiveram com a presidente. Ela mais ouviu do que falou.”

Prognóstico: o menino do MPL verá sua razão explícita em futuro próximo.

Perdoem-me o extenso post. Mais virá.


Até breve.





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