sexta-feira, 15 de abril de 2016

ENTRELINHAS



Acompanhei ontem as mais de sete horas da sessão extraordinária da Suprema Corte que analisou os processos impetrados relacionados à constitucionalidade do impedimento da presidente.

Serei pretensioso aqui. Ressalvas às minhas profundas restrições técnicas, confesso que estou extremamente satisfeito com tudo que vejo até aqui. A democracia é a convivência com o conflito. Pensar democraticamente é abrir-se ao contraditório. É largo o campo de manobra das instituições que protagonizam a cena política brasileira.

A sessão de ontem foi uma demonstração objetiva do grau de maturidade e competência com que as partes em litigio se posicionaram. Brilhantes o advogado da União assim como os mais altos juízes da República.

O clima de confronto democrático do mais alto nível, além de ter sido uma aula para leigos como eu, foi um bálsamo para alimentar a esperança nos próximos passos.

A democracia é, essencialmente, trabalhosa e, às vezes, desgastante. O tempo gasto no debate sobre a escolha do método para a votação no próximo dia 17 mereceria graves restrições, se não considerarmos a complexidade que reside no detalhe.

Extraordinária lentidão dos juízes para escolherem o seu voto. Brilhantes os apartes, as questões de ordem, os fundamentos. Como analista, minha escuta perpassa as entrelinhas e elas, a mim, tranquilizaram.

Quanto ao “muro” construído na capital da República é, em minha opinião, também uma demonstração de que a liberdade demanda ordem. A paixão da disputa deve ser contida em benefício da segurança dos contendores e da imagem interna e externa da Nação.

Na América, ícone democrática e de onde bebemos lições, as sessões da Suprema Corte são fechadas ao público. Santa decisão brasileira a de nos expormos à tarefa de participarmos ativamente daquilo que nos diz respeito diretamente.

Estou convencido de que estamos em condições de avançar e vamos dar demonstração para nós próprios e ao mundo que o Brasil tem chances de se encontrar e sair desta crise fortalecido e com uma jovem democracia pujante e altiva.


A Utopia está ali, alguns passos adiante!

Até breve.

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