Acompanhei ontem as mais de sete
horas da sessão extraordinária da Suprema Corte que analisou os processos impetrados
relacionados à constitucionalidade do impedimento da presidente.
Serei pretensioso aqui. Ressalvas às
minhas profundas restrições técnicas, confesso que estou extremamente satisfeito
com tudo que vejo até aqui. A democracia é a convivência com o conflito. Pensar
democraticamente é abrir-se ao contraditório. É largo o campo de manobra das
instituições que protagonizam a cena política brasileira.
A sessão de ontem foi uma
demonstração objetiva do grau de maturidade e competência com que as partes em
litigio se posicionaram. Brilhantes o advogado da União assim como os mais
altos juízes da República.
O clima de confronto democrático do
mais alto nível, além de ter sido uma aula para leigos como eu, foi um bálsamo
para alimentar a esperança nos próximos passos.
A democracia é, essencialmente,
trabalhosa e, às vezes, desgastante. O tempo gasto no debate sobre a escolha do
método para a votação no próximo dia 17 mereceria graves restrições, se não
considerarmos a complexidade que reside no detalhe.
Extraordinária lentidão dos juízes
para escolherem o seu voto. Brilhantes os apartes, as questões de ordem, os
fundamentos. Como analista, minha escuta perpassa as entrelinhas e elas, a mim,
tranquilizaram.
Quanto ao “muro” construído na
capital da República é, em minha opinião, também uma demonstração de que a
liberdade demanda ordem. A paixão da disputa deve ser contida em benefício da
segurança dos contendores e da imagem interna e externa da Nação.
Na América, ícone democrática e de
onde bebemos lições, as sessões da Suprema Corte são fechadas ao público. Santa
decisão brasileira a de nos expormos à tarefa de participarmos ativamente
daquilo que nos diz respeito diretamente.
Estou convencido de que estamos em
condições de avançar e vamos dar demonstração para nós próprios e ao mundo que
o Brasil tem chances de se encontrar e sair desta crise fortalecido e com uma jovem
democracia pujante e altiva.
A Utopia está ali, alguns passos
adiante!
Até breve.
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