sexta-feira, 1 de abril de 2016

BARALHO



Estive ontem na sessão de autógrafos do livro recém-editado Memórias Embaralhadas de um amigo do tempo que perambulei pelos corredores e salas de aula da FAFICH. Escritor consagrado com prêmio recente em Bolonha seu texto faz parte de uma coletânea junto a outros treze escribas igualmente consagrados.

Boa parte do tempo que permaneci no evento, antes de obter do amigo a singela dedicatória em um dos exemplares – “Para o meu amigo, Agulhô, que sabe muito mais do que eu que a relva só existe porque existem as estrelas.”, conversei com algumas pessoas.

Sobre? Política, claro.

A esposa de meu amigo, intelectual de primeira estirpe, quis saber minha opinião sobre tudo. Outras pessoas na roda já haviam manifestado a sua opinião, todas muito abalizadas e consistentes e que me deixaram alguns pontos para reflexão.

O que você pensa do Lula? Se ela tivesse perguntado sobre eu mesmo não saberia responder. Como foi a respeito de um outro fica muito mais fácil arriscar um palpite.

Entrei por uma via da dúvida e argumentei que tendo me interessado sempre pela figura, e que, recentemente, minhas certezas tem se embaralhado. Neste momento estou com o enquadre classificatório bipolar de extremos: Lula é um revolucionário histórico ou Lula é um crápula/psicopata.

Portanto, um perigo.

Ressalvas às minhas mais rasas limitações, mas depois de ter assistido inúmeras falas, lido inúmeras entrevistas, escutado gravações e lido depoimento recente à PF comecei a supor estarmos diante de uma pessoa dessas que a História classifica como Mito. Lula quer mesmo fazer uma revolução como nunca antes na história deste país e acredita ser o único capaz de incendiá-lo se necessário for para atingir seu intento.

Seus propósitos estão muito para além daqueles que os simplórios membros da elite o acusam: enriquecimento ilícito, tríplex, sítios, obras de arte, tranqueiras e outras coisas do gênero. Lula se enriquece pelo gosto messiânico de levar ao seu povo um voto de esperança, de dignidade, restaurando e “consertando” sua miséria infantil.

Quando Lula fala sua voz ecoa as vísceras e ao coração do homem do povo. Ninguém neste país tem essa extraordinária capacidade de mobilizar as massas e, também por isto, às pessoas mais sensíveis e intelectualmente capazes que, como ele, desejam fazer diferença neste mundo.

Lula não quer a materialidade mundana que o capitalismo outorga. Lula quer a glória da redenção, da dignidade, da erradicação da fome e da miséria. Lula quer ser um Padim Padre Cícero. Um Antônio Conselheiro. Um Guevara. Um cristo.

“Ninguém tem alma mais pura do que eu”.

Ou:

Lula é uma inteligência prodigiosa a serviço de Maquiavel. Por tudo que o pudesse caracterizar como um enviado ele, ao contrário, é um crápula, inescrupuloso que para se safar deixa amigos de longa data se lascar além de membros de sua própria família.

Lula é sórdido, calculista, capaz de compor com todo tipo de caráter para atingir seus fins. Lula quer o Poder para fazer uso de suas mais inconfessáveis intenções.

E aí, Agulhô?

Gente, preciso ir embora, vou ali pegar o autógrafo com o Barretão. Beijo.



Até breve.

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