sexta-feira, 18 de março de 2016

DEVER



A Política se serve da Lei, já que antes de ser legítimo, justo, adequado, conforme, o ato de todo e qualquer cidadão é um ato político. Mesmo contrário à Lei o ato é ainda Político. Assim o que governa a Pólis não é a Lei, mas a Política. A Lei decorre de atos políticos.

Política não é patrimônio de partidos dentro de um enquadre jurídico eleitoral e nem de representantes eleitos pelos cidadãos. A Política é a particularidade de cada cidadão no exercício pleno de sua liberdade.

Coloco isto porque há um intenso debate a propósito das decisões do iminente juiz Sérgio Moro. Antes de Juiz, o Dr. Sérgio Moro é um cidadão que age segundo suas convicções e consciência e, portanto, politicamente.

Assim como o Dr. Sérgio Moro todos nós, cidadãos, agimos segundo nossas convicções e consciência e, portanto, politicamente.

O ideal buscado pela Pólis é que a Lei dê conta da Política. Sonho acalentado pelo Homem. Fosse assim não teríamos experimentado a Política de Exceção, onde todo o poder é concentrado pela força em um indivíduo ou grupo e extraído o direito de todos os demais cidadãos.

A Ditadura antes de ser o império da supressão dos direitos de todos é uma alternativa, ainda que a mais abominável, Política.

A Democracia, por sua vez, é o exercício da liberdade de cada um e de todos. Estamos, em minha opinião, tomando contato e apreendendo Política.

Lidamos com a mídia, com a elite branca e suas babás, com coxinhas e petralhas, com alienados, omissos, com Bolsonaros e Renans, com Moros, Lulas, Dilmas, com nosso vizinho, com nosso amor mais próximo, com nossos filhos e até mesmo com nossos netos. Politicamente.

Resta-nos escolher fundados em que Ética, coração da Política.

Quando ajo o faço a partir de três questões éticas. Quero? Posso? Devo? A última é o cerne da minha ética. Querer e poder diz respeito à minha liberdade. O dever envolve o outro. Eu sei que quero e posso matar. Mas eu devo?

O dever resulta de duas possibilidades: por dever e conforme o dever. Conforme o dever está fundado em uma Lei Coletiva que determina que eu não devo; por dever diz respeito à minha convicção e consciência. Eu não mato porque existe uma Lei que me colocará na cadeia ou não mato porque isto fere essencialmente a minha consciência?

O momento nos ajuda a pensar sobre nossos atos. Nossa Política demanda mais Leis que nos determinem ou convida à revisão de nossos valores que constituem a nossa consciência?

A segunda alternativa, me parece, melhorará seguramente a nossa Política e, por extensão as nossas Leis, ampliando o nosso espaço de liberdade.

Ressalva: este blog é Político, portanto, gozando do privilégio de manifestação das convicções e consciência do autor.

Ressalva da Ressalva: mais dúvidas do que convicções.



Até breve.

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