“Salomão disse, não há nada de novo
sobre a face da Terra. A partir daí, Platão teve uma imaginação, que todo
conhecimento não passa de lembrança; e ai então Salomão deu sua sentença, que
toda novidade não passa de esquecimento. Muito tempo depois, Freud, a partir
destes ombros, observou: Toda pretensão à novidade não passa de onipotência.”. (*)
Alguns personagens do nosso drama
dão conta de que, em cinquenta anos, não fizemos a passagem histórica. O
passado presente nos assombra nas figuras de José Sarney, Tancredo Neves (representado
pelo seu neto), Paulo Maluf, Fernando Collor de Melo e Luiz Inácio Lula da
Silva.
Sarney, então da ALIANÇA PELA
RENOVAÇÃO NACIONAL, migra para o embrionário MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO para
concorrer, enquanto vice na chapa de Tancredo, o Neves, contra Paulo Maluf
candidato no Colégio Eleitoral pelos adeptos da Redentora.
Mais adiante a história forja duas
lideranças, Collor e Lulla, ambas embandeiradas pela causa de defesa dos
fracos, oprimidos, contra as oligarquias e a corrupção dos marajás e/ou da
elite capitalista.
Collor assume, pelo PARTIDO DA
RENOVAÇÃO NACIONAL. Lulla realiza dois mandatos, torna-se a paixão da maioria
dos cidadãos, encanta líderes internacionais e produz uma bolha fugaz de
crescimento sustentado em renúncias fiscais, consumismo exacerbado via expansão
temerária de crédito e especialmente, a institucionalização de práticas
abomináveis entre o Estado e empresários de frágil caráter.
Collor e Lulla protagonizam uma das maiores frustrações e traições ao povo brasileiro.
Collor e Lulla protagonizam uma das maiores frustrações e traições ao povo brasileiro.
Paulo Maluf tenta, tenta, tenta,
mas não se torna. Neves, uma réplica empobrecida do avô altivo, não emplaca.
No entrementes Itamar Franco,
Fernando Henrique Cardoso e Dilma são personagens secundários. Coadjuvantes de
um drama fecundo.
A cena volta agora em teatro com plateia
outra. No palco, os mesmos: Renan (no papel de Sarney), Sarney no papel de
Sarney, Paulo Maluf (no papel de Paulo Maluf), Fernando Collor de Melo (no
papel de Collor), Lulla (não sei) e Aécio (que deveria ficar na coxia para não
fazer vergonha ao desempenho do avô). Alguns coadjuvantes e figurantes sem
expressão compõem um texto de horrores.
De um lado, RenanSarney, Maluf,
Collor e Lulla, embrulhados em um pacote rodriguiano (Nelson Rodrigues) e de
outro, pobre de Tancredo, que treme à sete palmos, disputam o impedimento ou
não da ruptura histórica.
E, em todos eles, nós mesmos.
Afinal, o que queremos assistir? Um
drama, uma comédia, uma tragédia, uma tragicomédia? Ao fundo, como sonoplastia:
- Varre, varre vassourinha, varre
toda a bandalheira que o povo está cansado de sofrer desta maneira.
Não quero morrer com este jingle
entranhado em minhas vísceras.
Até breve.
(*) Epígrafe ao texto de Paulo Cesar Sandler: COMPULSÃO À
REPETIÇÃO E PATOLOGIAS ATUAIS.
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