Já compreendi que devemos sair de
casa a fim de adquirir meios, sejam os básicos para a sobrevivência; sejam os supérfluos
para levar até onde a vaidade assim determinar.
Já compreendi também que devemos
escolher alguém e constituir família, não só para propagar a espécie, como
também para manter a célula-mater do tecido civilizatório.
Já compreendi, ainda, que se deve deixar
um legado à posteridade, desde uma árvore plantada, filhos e/ou além destes uma
descoberta que enriqueça a experiência humana.
Sim, já compreendi isto e tantas
outras operações. Falta-me, apenas, entender: e, então?
Mr. Morgan, o personagem de Michael
Caine no filme O Último Amor de Mr. Morgan, filósofo exitoso, professor
regiamente aposentado, aos setenta e poucos anos perde a esposa e melancólico
tenta o suicídio, mas se frustra. É salvo pela faxineira do apartamento.
Pouco antes do episódio ele havia
encontrado uma jovem dançarina de ChaChaCha com quem estabelece um idílio amoroso.
O roteiro contempla estórias outras, porém o que importa aqui é que a película
conclui com o filósofo entrando novamente no banheiro da suíte de seu belo
apartamento em Paris para se matar.
Parece que foi Lacan, o
psicanalista francês, se não foi ele foi alguém parecido, que disse:
- O único ato verdadeiro humano é o
suicídio.
Minha interpretação é a de que,
talvez, porque se vai ao encontro da certeza. Somos os únicos animais que,
todos, sabemos que vamos morrer.
Somos feitos para infinitas
escolhas e reduzidos a uma única certeza.
É que fomos ontem assistir ao show 50
ANOS DE MÚSICA – TOQUINHO, IVAN LINS E MPB-4. No show, Toquinho disse
que nunca soube quando estava compondo uma música que pudesse estar grávida da
semente da eternidade.
Só terminando com o poeta Paulo
Leminski:
“Confira
Tudo que respira
Conspira.
Tudo é vago e muito vário.
Meu destino
Não tem siso
O que eu quero
Não tem preço
Ter um preço é necessário
E nada disso é preciso
Isso de querer ser
Exatamente aquilo
Que a gente é...
Ainda vai nos levar
Além.
Até breve.
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