quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

SOLARIUS



Já disse aqui. Alguns posts que edito (na verdade a maioria deles) só vou entendê-los algum tempo depois de escritos. Se bem que ainda fica a dúvida se são interpretações do que foi escrito ou a razão lógica para eu tê-los produzido.

Liquidez, por exemplo, o conto que contei ontem.

Na segunda feira fui a uma loja para trocar os pneus do meu carro. Enquanto faziam o serviço preferi aguardar ali mesmo em uma sala destinada aos clientes. Café, água, jornais e revistas à disposição. Peguei a primeira revista da pilha, edição de Veja desta semana.

A reportagem da capa dá conta de investigação do Ministério Público de São Paulo a propósito de suspeitas de irregularidades havidas entre as empresas Bancoop e OAS. O MP de SP, diz a matéria, pretende indiciar como investigados o ex-presidente Lula e sua esposa Marisa.

Postei Liquidez ontem às 19:13 horas.

Em seguida fui assistir aos jornais televisivos, outra mania que tenho. No JN a questão da capa de Veja foi ampliada e largamente tratada e, nela, foi apresentada a defesa do ex-presidente e de sua esposa. O advogado informou aos telespectadores que é verdadeiro o investimento feito pelo casal quando, anos atrás, adquiriu cotas-parte no valor de pouco mais de quarenta mil reais para a aquisição do referido imóvel.

Em dado momento o casal resolveu não mais ficar com o imóvel e teria solicitado à Bancoop a devolução do valor investido, portanto deixando de serem os proprietários do mesmo.

Mais? Por favor, acessem zilhões de outras fontes que escrevem e/ou noticiam a respeito.

De minha parte, amanheci ansioso pela continuidade dos fatos ou de suas versões. Minha ansiedade me leva a suposições. Do tipo: hoje à noite, na edição do JN, o advogado apresentará os documentos e comprovantes que atestam a desistência, pelo casal, do investimento.

É simples: um comprovante de depósito feito pela Bancoop em nome do ex-presidente e/ou de sua esposa referente à devolução do investimento que, inclusive, teria sido declarado à Receita Federal.

Se bem que acaba não sendo tão simples assim, porque poderemos ter polêmica ainda a respeito da veracidade da operação, caso o banco depositário for um Banco Rural, por exemplo, ou mesmo que o depósito tenha sido feito em um banco ainda existente e, em tese, puro. Agora, se a data for dezembro de 2015, mês em que já se tinha a informação de suposta impureza d’alma, vai ficar difícil.

Essa lengalenga me dá uma pista para o que poderia ter fundamentado Liquidez. Eu não tenho mais paciência de ouvir determinadas coisas. Já chega o “pagamento” das pedaladas dentro do exercício de 2015.

Essa estória do triplex, contada pela justiça e difundida pela imprensa golpistas, envolvendo inclusive pobres trabalhadores que declararam - produto de absoluta alucinação - terem visto os proprietários visitando o imóvel durante a reforma ou, ainda, do dono da construtora, responsável pela “reconstrução” do apartamento, de que a esposa e o filho do ex-presidente estiveram em companhia do presidente da OAS quando da vistoria de conclusão da obra, dá conta de como é cruel a perseguição a uma das almas mais puras que nunca dantes vagaram por este país.

Ontem, recebi o Suplemento Literário(*). Em matéria assinada pelo escritor mineiro Marcus Vinicius de Freitas o autor cita Isaac Bashevis Singer: “No processo de criação de histórias, tomei consciência dos muitos perigos que espreitam o autor de ficção. O primeiro e maior destes perigos é a ideia de que o escritor tem de ser sociólogo ou político, ajustando-se ao que se chama dialética social”.

Sei não, mas teria sido por isto que escrevi Liquidez?



Até breve.

(*) Edição nº1357 - Suplemento Literário de Minas Gerais

2 comentários:

  1. prefiro poesias, quero poetar e bordar!

    ResponderExcluir
  2. Alguém ainda se lembra da Operação Uruguai, de saudosa memória, engendrada para safar o Collor?

    ResponderExcluir