Precisava de dois dedos de prosa
para entrar direto no assunto. No esquema, são temas difíceis de serem
abordados de primeira. Mesmo uma pessoa, como eu, que vou direto aos
finalmente.
Preferi abordar o adversário com
cuidado e paciência, afinal eu não teria outra oportunidade tão cedo ou mesmo
nunca mais.
Assim se deu, portanto. Perguntei
sobre os mais próximos dele, esposa, filhos e alguns amigos. Sobre os que eu
sabia da existência. E ele até que gastou ali um tempo dando conta de cada um
de seus entes mais queridos.
Acho um porre, quando eu pergunto
sobre alguém e a pessoa relata em detalhes o paradeiro de cada um dos
consultados. Faço cara que estou ouvindo, mas, se eu for perguntado no meio do
relato sobre qualquer ponto apontado, passo vergonha.
O fato é que, ninguém me interessa,
de fato. Ainda mais pessoas ligadas a alguém por quem não nutro a menor
simpatia.
Passada a lengalenga dos
paradeiros dos próximos ao adversário eu entrei de sola e perguntei à queima
roupa:
- E o meu?
- Depositei.
- Eu verifiquei meu saldo ontem e
não caiu nada.
- Num pode, eu tenho comprovante...
- Você está com ele aí?
- Não, na verdade fiz pela internet
e não imprimi...
- Acesse seu banco pelo celular e
consulte...
- Num vai dar, só consigo via meu
laptop...
- E onde ele está?
- No escritório.
Dois eu fechei por causa disso. Na
verdade me arrependi depois, por isto é que eu não atirei um balaço no meio da
testa do sacana.
- Vai buscar, então, que eu te
espero aqui tomando essa cerveja...
- Num vai dar, o escritório está
fechado e eu não tenho as chaves...
- Vamos fazer o seguinte, então.
Você liga para quem tem as chaves e manda ir agora encontrar contigo lá...
- Num vai dar, está todo mundo
viajando de férias e...
- Então tá bom, eu vou acabar
contigo agora porque comigo num tem rolo, você sempre soube disso...
- Me espera até domingo... Eu faço
o depósito sem falta na segunda...
- Num vai dar.
Até breve.
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