Há exatos quarenta e seis anos e
oito meses nos conhecemos na Praça Duque de Caxias, centro do meu querido Santa
Teresa, bairro de minhas memórias fósseis, palco dos anos dourados de minhas
mais do que extraordinária infância e deliciosa apaixonante juventude.
Juro, desde que a vi, naquele final
de tarde de 04 de abril de 1969, senti que ali meu coração louco aportaria e
fixaria âncoras eternas.
Ela tinha doze anos de idade e eu,
dezessete. Ela era uma menina e eu um debilóide em formação. Entre esforços
fortuitos de aproximação, em agosto de 1969, eu tentei roubar-lhe um beijo no
lado esquerdo do seu rosto e Ela, desesperada, além de não consentir,
escafedeu-se para dentro de casa dizendo que aquilo não era direito.
Somente no dia 07 de novembro
daquele 1969, data escolhida cinco anos depois para o nosso noivado, é que pedi
para namorar com ela.
Puxa, como foi gostosa a vida ao
longo destes anos. Além de sonhar em mudar o mundo eu tinha, muito perto de mim,
todo um sonho sonhado.
Ninguém convive quase cinquenta
anos ininterruptos, ainda que com breves intervalos entrevéricos, sem
experimentar todos os afetos humanos imagináveis. Todos, alguns mais intensos
do que outros, mas padecemos e gozamos de todos os afetos que duas pessoas
entrelaçadas por tantos anos de com vivência podem experimentar.
As contas talvez dão expressão à
essa medida: 46 anos ou 552 meses ou 16.560 dias ou 397.440 horas ou 23.846.400
minutos ou 1.430.784.000 segundos.
A expressão em segundos é, para
mim, a mais marcante. Foi no primeiro segundo que o meu olhar debruçou sobre
Ela que nasceu a aliança que se renova a cada novo segundo.
A Vida nos privilegiou nos
presenteando com três filhos adoráveis; Liz, Valentin e Antônio (nossos
netinhos), estas dádivas além de Helena que virá à luz em abril do próximo ano.
Construímos casas, reformamos
casas, mudamos 23 vezes de endereço, vivemos em três cidades. Edificamos com
nosso gosto essencial. Talvez adormeceremos juntos em Santa Luzia no dia em que
não nos for mais possível o gozo da existência.
Estivemos em diferentes países de
três continentes, Américas, Europa e Ásia e temos ainda a má intenção de por
nossos pés em Oceanias e Áfricas. Esta parte toda do filme creditada à Ela pelo
seu desejo permanente de se deslocar.
Não foi um investimento pequeno,
mas imenso o retorno. Minhas retinas, meus pulmões, meu coração, jamais seriam
o que são não fossem essas viagens todas.
Fizemos poucos e indispensáveis
amigos, contribuímos com o desenvolvimento de inúmeras pessoas eu enquanto
professor e consultor e Ela em seu consultório de psicanálise.
Por tudo isto, aqui no espaço que
compartilho público e aberto, quero fazer um louvor de agradecimento à Vida
que, em um lapso de segundo, fez com que eu voltasse o meu olhar para Ela e
selasse inexoravelmente o meu destino.
Meu muitíssimo obrigado à Vida, por
esta Aliança.
Hoje completamos 40 anos de casados
e desde quinta-feira estamos em Mendoza, Argentina. Nada acontece por acaso.
Talvez o que mais expresse a nossa história seja vinho e tango.
Ontem jantamos em um restaurante e
fomos presentados com o prazer de sorver à ambos. Hoje passaremos o dia de vinhos e sabores de Maipu e amanhã nos perderemos no Valle de Uco.
Até breve.
À vida!!!!!
ResponderExcluirParabéns meus queridos padrinhos por está união de longos anos. Um brinde à Vida!! Viva!!!
ResponderExcluirBrigado, Julim
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