domingo, 15 de novembro de 2015

MILLENIUM



Terror é tudo sobre o qual não se exerce controle.

Assim, resulta vã a tentativa de inibir ou contrapor ações cujo fim, essencialmente, seja aterrorizar.

Francisco, o Papa, disse com razão. Não há nenhuma lógica, dentro das convenções tradicionais, no afã terrorista.

Os ataques ao WTC aconteceram quando o Congresso Americano discutia o aporte de US$ 30 bi de recursos a serem aplicados em programas de segurança do espaço aéreo.

Os terroristas do milênio não tem um “território” do qual partem com seu exército em bloco para investir contra o território inimigo e conquista-lo. Os combatentes estão, vivem, dentro do próprio alvo.

Foi-se a época que inimigos vestiam uniformes ou suas características físicas ou nacionalidade os denunciasse. O inimigo original não tem raízes étnicas, geográficas, descendência, idioma específico, pode ser qualquer um. Preferencialmente jovem que, convertido à causa, opte pela morte a seguir nossa the people way of life.

Foi-se a época em que exércitos regulares se interpunham belicamente para a conquista de seus propósitos e/ou territórios. O terror desterritorializa a lógica da guerra e de seus propósitos convencionais.

O chamado Estado Islâmico é uma tentativa de nós “localizarmos” quem são os inimigos, embora não tenham nem Estado e nem a outorga ou chancela global do Islamismo.

Até porque qualquer alcunha que se coloque sobre as inúmeras tribos que secularmente confrontam-se no Oriente Médio imediatamente sofre soluções de continuidade. Al-Qaeda, Isis...

O lócus bélico, o território de manobra da ação não são estados nacionais e suas instituições democráticas, nem Obama, Merkel, Hollande. O lócus é a pessoa, o ser humano, independentemente de sua nacionalidade. Idealmente jovem, vivendo os benefícios de uma escolha de vida avessa àquela que os terroristas apregoam.

Os alvos estratégicos são bares, boates, casas de espetáculo, estádios de futebol, escolas, shoppings, grandes escritórios de negócio, restaurantes, por onde circulam, se divertem, vivem pessoas de todas as naturezas compartilhando um estilo de vida nefasto aos olhos dos algozes.

Portanto, todas as pessoas livres. E o recrutamento de combatentes se dá no âmbito destas pessoas que, especialmente na adolescência, por inúmeras circunstâncias, passam a crer que a vida, esta vida, não faz sentido.

Ações em represália ao Ato Terrorista, intrinsecamente, resultam em uma amplificação do ato em si e convertem-se em combustível propagador da estratégia para desencadear mais terror.

O presidente Hollande ao declarar guerra buscando responder as expectativas de seu povo, fechando fronteiras e intensificando a caça a prováveis outros combatentes, só corrobora com a maquiavélica e astuta intenção dos novos bárbaros.

Discordo de suas decisões? Como, se é o que lhe resta fazer?

Ocorre que, com isto, lança a uma vala comum todas as pessoas que vivem e circulam sobre o seu território, independentemente dos propósitos destas pessoas.

Dentro do país mais visitado por turistas de todo o mundo, especialmente jovens encantados pela vida, pelo amor, pelo prazer, pela cultura, pelo belo, quem são os inimigos?

Dentro da avalanche de refugiados de conflitos, de fome e de desesperança, quem são os inimigos?

Portanto, terror.

Quando, onde, como, com quantos, usando que tipo de estratagemas, logística, artefatos acontecerá outro atentado?

A resposta é o que nos aterroriza.



Até breve.

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