Terror é tudo sobre o qual não se
exerce controle.
Assim, resulta vã a tentativa de
inibir ou contrapor ações cujo fim, essencialmente, seja aterrorizar.
Francisco, o Papa, disse com razão.
Não há nenhuma lógica, dentro das convenções tradicionais, no afã terrorista.
Os ataques ao WTC aconteceram
quando o Congresso Americano discutia o aporte de US$ 30 bi de recursos a serem
aplicados em programas de segurança do espaço aéreo.
Os terroristas do milênio não tem
um “território” do qual partem com seu exército em bloco para investir contra o
território inimigo e conquista-lo. Os combatentes estão, vivem, dentro do
próprio alvo.
Foi-se a época que inimigos vestiam
uniformes ou suas características físicas ou nacionalidade os denunciasse. O
inimigo original não tem raízes étnicas, geográficas, descendência, idioma específico,
pode ser qualquer um. Preferencialmente jovem que, convertido à causa, opte
pela morte a seguir nossa the people way
of life.
Foi-se a época em que exércitos
regulares se interpunham belicamente para a conquista de seus propósitos e/ou
territórios. O terror desterritorializa
a lógica da guerra e de seus propósitos convencionais.
O chamado Estado Islâmico é uma
tentativa de nós “localizarmos” quem são os inimigos, embora não tenham nem
Estado e nem a outorga ou chancela global do Islamismo.
Até porque qualquer alcunha que se
coloque sobre as inúmeras tribos que secularmente confrontam-se no Oriente
Médio imediatamente sofre soluções de continuidade. Al-Qaeda, Isis...
O lócus bélico, o território de
manobra da ação não são estados nacionais e suas instituições democráticas, nem
Obama, Merkel, Hollande. O lócus é a pessoa, o ser humano, independentemente
de sua nacionalidade. Idealmente jovem, vivendo os benefícios de uma escolha de
vida avessa àquela que os terroristas apregoam.
Os alvos estratégicos são bares,
boates, casas de espetáculo, estádios de futebol, escolas, shoppings, grandes
escritórios de negócio, restaurantes, por onde circulam, se divertem, vivem pessoas
de todas as naturezas compartilhando um estilo de vida nefasto aos olhos dos
algozes.
Portanto, todas as pessoas livres.
E o recrutamento de combatentes se dá no âmbito destas pessoas que,
especialmente na adolescência, por inúmeras circunstâncias, passam a crer que a
vida, esta vida, não faz sentido.
Ações em represália ao Ato
Terrorista, intrinsecamente, resultam em uma amplificação do ato em si e convertem-se em combustível propagador da estratégia para desencadear mais terror.
O presidente Hollande ao declarar
guerra buscando responder as expectativas de seu povo, fechando fronteiras e
intensificando a caça a prováveis outros combatentes, só corrobora com a
maquiavélica e astuta intenção dos novos bárbaros.
Discordo de suas decisões? Como, se
é o que lhe resta fazer?
Ocorre que, com isto, lança a uma
vala comum todas as pessoas que vivem e circulam sobre o seu território,
independentemente dos propósitos destas pessoas.
Dentro do país mais visitado por
turistas de todo o mundo, especialmente jovens encantados pela vida, pelo amor,
pelo prazer, pela cultura, pelo belo, quem são os inimigos?
Dentro da avalanche de refugiados
de conflitos, de fome e de desesperança, quem são os inimigos?
Portanto, terror.
Quando, onde, como, com quantos,
usando que tipo de estratagemas, logística, artefatos acontecerá outro
atentado?
A resposta é o que nos aterroriza.
Até breve.
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