Quando eu era menino lá em Santa
Teresa eu alimentava três paixões. Bola, um monte de outras brincadeiras e
Dina.
Dina era uma menina maravilhosa que
morava em uma rua paralela à que eu morava. Um belo dia, eu jogava uma pelada
próxima a casa dela, e - num relance - eu a vi sair de mãos dadas com a
empregada.
Morri. Todas as minhas pernas
balançaram e eu não caí porque firmava o pé de apoio para bater com a canhota
em direção ao gol. O fato de eu perder o gol não fez a menor diferença em minha
vida, mas a primeira vez que pus os olhos em Dina modificou para mim pelo menos
os meus primeiros anos da adolescência.
Essa menina governou as batidas do
meu coração por um bom tempo. Sabem quantas vezes eu me aproximei dela, falei
com ela, que ela me viu? Nenhuma.
Tive outras paixões assim e ainda
as tenho. Quer ver?
Eu estou apaixonado pelo Supremo
Tribunal Federal, pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e por parte do
Congresso Nacional. E por quê?
Estamos próximos, muito próximos de
viver um dos momentos mais expressivos de nossa República com chances mais do
que objetivas de dar um belíssimo sinal de maturidade institucional e política
ao mundo o que restaurará nossa credibilidade inclusive sob a perspectiva
financeira, criando condições efetivas para a retomada de nosso
desenvolvimento.
Senão vejamos:
PRIMEIRO PONTO
A força-tarefa da Lava Jato busca
reunir elementos para apontar a Casa Civil como mentora do esquema que loteava
politicamente cargos estratégicos, fixava porcentuais de pagamento de propina e
que estruturou uma máquina de lavagem de dinheiro para ocultar o financiamento
ilegal de partidos e campanhas eleitorais com o objetivo de garantir a
governabilidade e a permanência no poder.
A prisão do pecuarista Bumlai, na
última terça-feira, foi a mais recente peça nessa montagem do quebra-cabeça,
fechando o círculo ao redor do ex-presidente da república.
Com três ex-ministros da Casa Civil
pegos no radar da Lava Jato – José Dirceu, Antonio Palocci e Gleisi Hoffmann –,
os investigadores da força-tarefa consideravam ter até aqui a base para revelar
o papel efetivo de integrantes do Planalto como figuras ativas e com decisão no
esquema de corrupção descoberto na estatal petrolífera – onde o rombo pode
ultrapassar os R$ 42 bilhões. (fonte: O Estado de São Paulo, com pequenos
ajustes).
SEGUNDO PONTO
O Supremo constrói delicada e
firmemente o arcabouço jurídico para viabilizar todos os eventuais mandados de
prisão sustentados em provas objetivas que determinem como crime inafiançável. Não
intervém na pendenga política do afastamento do Presidente da Câmara.
TERCEIRO PONTO
Há rumores entre alguns parlamentares de que
eles deveriam renunciar, coletivamente, ao mandato levando à sociedade a novas
eleições. Minha paixão faz perder as pernas ao imaginar parte deles tomando
esta decisão, deixando com a brocha na mão apenas os citados na Operação Lava
Jato.
Poderia sim escrever com erudição
para abordar uma questão tão vasta e complexa quanto esta. Uso uma metáfora,
minha veia literária, pois trato de uma paixão. Portanto, uma quimera.
Todas as minhas pernas balançam,
mas eu estou com o pé de apoio firme para bater com a canhota em direção ao
gol.
Estou ansioso para escrever meu post
BOLASETE.
Até breve.