A crise não está, especialmente,
naqueles que encenam a política tragicômica no palco da realidade brasileira.
Nós sabemos, “de cor e salteado”, o enredo já que, como as telenovelas, repetem
a cada ciclo de horrores, mesmo que em alguns momentos se assemelhe à uma zorra
total.
O Presidente do Congresso dar 45
dias para que o governo responda ao relatório do TCU, quando a AGU já negociava
a forma de pagamento da extorsão é mais do que risível, é trágico.
Só que agora o que me parece mais
incômodo é de como estamos a bater palmas ou nos regozijamos pelo que se passa
nessa ópera bufa.
Intelectuais, articulistas, jornalistas,
artistas, escritores, poetas, plateia de alto repertório que o coloca a serviço
da crítica pela crítica, sem nenhum facho de ação efetiva que possa contribuir
para a transformação do caos.
A plateia ilustre é omissa,
autocentrada, para não dizer, idiota.
Via blogs como este, e todos os extraordinários
recursos de informação atuais, nosso “troca-a-troca” é de quem faz a melhor
leitura e escreve a melhor visão do que se passa. Curtimos, comentamos,
compartilhamos todas as notícias do dia-a-dia do palco, em diferentes
abordagens e formas.
Chega de ler o Brasil.
Precisamos admitir que o que está
no palco traduz a nossa tragédia social, especialmente dos literatos que, por
força de seu privilégio, deveriam ou teriam que intervir de forma
revolucionária. Foi assim no tempo de trevas, menos torpes e expostas do que aquela
sobre a qual sobrevivemos hoje.
Urge uma providência que converta
opiniões em atitudes, palpites em práticas, pensamentos em ações. A crise é
fecunda pela nossa letargia, pela nossa paralisia social, pela nossa inércia
covarde.
Não virão surpresas do texto
encenado no palco, já que quem assiste é quem paga a bilheteria. E os pagantes
podem mudar, pela via até do boicote coletivo, o texto encenado.
Chega de curtir, comentar e
compartilhar o Brasil. Mesmo que o façamos com brilhantismo, profundidade e
agudeza com a esperança de que possamos iluminar outros espíritos.
“A lição sabemos de cor, só nos
resta aprender.”
E aprender significa “ser” o
aprendido, atuar, comprometer-se com aquilo que se assimilou. É hora de
encontrarmos uma mobilização possível com a qual iremos de fato exercer
influência. Sairmos da posição de personagens à procura de um autor, como
queria o famoso dramaturgo.
É passada a hora de tomarmos de
assalto o palco e refazer o roteiro do drama. É hora de construirmos o nosso texto.
É hora de escolher que sentido dar ao título deste post: se de sorte na nossa estreia ou continuarmos
onde sempre estivemos.
Até breve.
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