"Ninguém nasce mulher, torna-se mulher."
Prá mim Simone especificou aquilo que o seu namorado pensou: "O Ser primeiro é, depois se descobre".
Estou mais com João Paulo, portanto. A existência precede a essência. Aliás, que chance teríamos não fosse assim.
A violência, então, não está orientada à figura, até então ornada em Mulher. A violência está orientada àquilo que nos tornamos, em essência. O inimigo investe naquilo que nos constitui na diferença insuportável.
Especificar a violência é lhe dar contornos mais cruéis, suponho. É torná-la de tal maneira explícita que faz com que perdure e se localize.
Penso que basta dizer não à violência, independente do seu foco.
Nós já temos motivos de sobra para repudiar a universalidade da violência dos tempos presentes. Dos pequenos aos grandes crimes hediondos, sem necessidade de especificar a que “grupo” de sujeitos ela se endereça.
Deveríamos empunhar a bandeira de “NÃO VIOLÊNCIA”. Deveríamos esgotar todos os nossos esforços na procura de entender e agir naqueles seres que se tornaram essencialmente violentos, independentemente de seu objeto de ataque.
Como fazê-lo sem nos tornarmos mais violentos do que os próprios? "Se queres a paz, prepara-te para a guerra”, é um enunciado vil e revoltante. Mas é aquele que orienta as casernas.
O convite à mais de sete milhões de jovens para refletirem sobre a questão da violência contra as mulheres, na minha opinião, acirra pela especificidade o drama (que é real, sem dúvida). O politiza, que é outro equívoco, o criminaliza, que é um equívoco maior ainda.
A Mulher não tem o privilégio da Violência.
A Violência é o martírio protagonizado pela besta que nos tornamos. E é, indiscriminadamente e onde ele se colocar, que devemos nos antepor, indo às causas e não propagandeando os seus efeitos.
Ninguém nasce violento, torna-se violento. Precisamos investigar ainda mais fundo por quê. Trancafiar a besta, ou condená-la à forca, a História já mostrou que não é a melhor saída.
Até breve.
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