Perdoem-me, eu sou mesmo uma puta, mas
juro, um dia eu largo essa vida.
É que volto à perversidade de um
olhar profano, recorrente, repetitivo.
Um sujeito (médico) mata a esposa
com sete tiros e, por força de suas condições financeiras, faz rolar o
julgamento por quinze anos. Julgado, definitivamente, é apenado em quinze anos
de cadeia, mas segue em liberdade.
O advogado de defesa impetra
recurso sob a tese de que a vítima tinha elementos para reagir à ação do
criminoso.
Estou para cunhar uma sigla: DDV.
Ditadura Democrática da Vilania.
Sob o engodo manto da liberdade e
do direito institucional o que de fato nos controla é a Vilania.
Quem hoje ocupa as últimas
instâncias da estrutura democrática, em todos os seus níveis, está subjudice. A Presidência da República,
do Congresso Nacional, da Câmara Federal, membros do TCU, da Prefeitura, do
governo de Estado, da CBF, do BNDES, da Petrobrás, do clube, da escola, do DCE,
do Sindicato, da Associação, da... do...
Sob o signo da vulnerabilidade o
poder se dá por uma complexa teia de barganhas que é financiada por recursos
expropriados da população de diferentes formas e embustes.
Impostos e tachas (assim mesmo, com
ch).
Sangria dilacerante de todos os sonhos
de futuro de milhões de pessoas que constroem, pela via do trabalho, riquezas
reais e sobre elas pagam para terem como contrapartida serviços. Entre os
essenciais: saúde, educação e segurança.
A Vilania é a regra do jogo
manipulada por verdades secretas. Ditadura inoculante e cancerígena que
ultrapassa décadas. O inimigo não é só um sujeito físico, ele é agente da
manifestação objetiva da Democracia compartilhada com aqueles que com ela se
identificam.
Sangue impuro. Somente uma
transfusão integral, quem sabe, salve o endêmico.
Uma subversão que unisse as pessoas
de Bem. E onde elas se encontram? Gritam, esbravejam, indignam-se, denunciam,
reagem, recorrem, lutam em diferentes instâncias, mas, desgraçadamente
desorganizados, são anticorpos risíveis e miseravelmente fragilizados no seu intuito
soberano de recuperar o tecido social.
Amanhã recebo os meus netos em
nossa casa de Santa Luzia. Vêm também outras crianças da família e de amigos.
A ideia utópica é investir na
Esperança.
Até breve.
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