sexta-feira, 11 de setembro de 2015

ROTEIROS





Como é de praxe vou ao horóscopo e me deparo com a “chamada” astrológica de Oscar Quiroga:


“Por que endereças esse olhar crítico e severo aos teus semelhantes, sentenciando que a humanidade sequer mereceria existir entre o céu e a terra? Não percebes que tudo corre da melhor maneira possível e que a civilização que nós inventamos é, hoje, muito mais sofisticada e melhor do que há apenas 150 anos atrás? Tuas sentenças se baseiam em teorias que nem tua própria alma é capaz de colocar em prática o tempo inteiro, pois cometes desvios e pequenas faltas. Por essas teorias tua alma é manipulada, pois para os conspiradores é mais interessante que tu sintas raiva e desprezo do que te confortes na verdade de que no somatório de esforços e boas intenções praticadas, o mundo só vem melhorando. Tu, que te regozijas nas críticas, desejas que o mundo termine. Aviso-te, o apocalipse é uma fantasia”.


Assisti ontem, no cinema, ao filme Homem Irracional do Wood Allen. Zapeando encontrei, entre outras, a crítica de Eduardo Benzatti: 


Woody Allen continua Woody Allen. Nesse novo filme "Homem Irracional", Joaquin Phoenix é o escolhido da vez para ser seu alter ego: um professor de filosofia (Abe Lucas), deprimido e desiludido com a filosofia e com a carreira de professor. Recém-chegado em uma pequena cidade dos EUA para lecionar, envolve-se com duas mulheres (uma professora casada e uma aluna também comprometida). É numa das saídas com essa aluna que presenciará (melhor: escutará) uma conversa que irá mudar definitivamente sua forma de ver o mundo: por que não matar outro ser humano que só prejudica outras vidas? Deixando de lado todo o debate filosófico sobre o Bem e o Mal, o Certo e o Errado, o Moral e o Imoral, o Ético e o Não Ético, Abe passa da teoria à práxis e coloca em movimento seu plano de assassinar um juiz (logo, um juiz que deveria representar a Lei, a Ordem e a Justiça, mas representa o oposto disso tudo). Essa decisão muda radicalmente a forma de Abe ver a existência e a humanidade. Passa a ver sentido nas coisas mais banais da vida, como um café da manhã. Claro que sendo um Woody Allen as coisas irão se complicar e a trama desemboca num final surpreendente - que eu não vou revelar.

Roteiro contado, resta se deliciar com os diálogos que saem da boca de Abe Lucas/Woody Allen, com seus trejeitos, suas caras e mais com tudo aquilo que nunca falta num filme desse diretor: interpretações teatrais, trilha composta por música clássica e jazz de primeira qualidade, referências à psicologia/psicanálise/psiquiatria - questões edipianas; tratamento farmacológico -, à literatura russa (o filme nos remete, não por acaso, à "Crime e Castigo" de Dostoievski) e aquele humor acre-doce "woodyalleano" que dá um tempero especial aos seus filmes. Fora tudo isso, ainda temos a boa interpretação de Joaquin Phoenix - com uma barriga típica de professor desleixado de meia idade - que fica citando (de forma bem superficial, diga-se de passagem) Sartre, Heidegger, Hanna Arendt para tentar explicar - e se convencer - o quanto o mal é uma parte intrínseca da constituição do ser humano, desse Homem que procura a racionalidade como antídoto aos seus "instintos mais primitivos", como diria... Roberto Jefferson.


Sempre acho que estes acasos, deslizes do cotidiano, remetem a algo em mim que tem a ver.




Até breve.

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