Como é de praxe vou ao horóscopo e
me deparo com a “chamada” astrológica de Oscar Quiroga:
“Por que endereças esse olhar crítico e
severo aos teus semelhantes, sentenciando que a humanidade sequer mereceria
existir entre o céu e a terra? Não percebes que tudo corre da melhor maneira
possível e que a civilização que nós inventamos é, hoje, muito mais sofisticada
e melhor do que há apenas 150 anos atrás? Tuas sentenças se baseiam em teorias
que nem tua própria alma é capaz de colocar em prática o tempo inteiro, pois
cometes desvios e pequenas faltas. Por essas teorias tua alma é manipulada,
pois para os conspiradores é mais interessante que tu sintas raiva e desprezo
do que te confortes na verdade de que no somatório de esforços e boas intenções
praticadas, o mundo só vem melhorando. Tu, que te regozijas nas críticas,
desejas que o mundo termine. Aviso-te, o apocalipse é uma fantasia”.
Assisti ontem, no cinema, ao filme
Homem Irracional do Wood Allen. Zapeando encontrei, entre outras, a crítica de
Eduardo Benzatti:
Woody Allen continua Woody Allen. Nesse
novo filme "Homem Irracional", Joaquin Phoenix é o escolhido da vez
para ser seu alter ego: um professor de filosofia (Abe Lucas), deprimido e desiludido
com a filosofia e com a carreira de professor. Recém-chegado em uma pequena
cidade dos EUA para lecionar, envolve-se com duas mulheres (uma professora
casada e uma aluna também comprometida). É numa das saídas com essa aluna que
presenciará (melhor: escutará) uma conversa que irá mudar definitivamente sua
forma de ver o mundo: por que não matar outro ser humano que só prejudica
outras vidas? Deixando de lado todo o debate filosófico sobre o Bem e o Mal, o
Certo e o Errado, o Moral e o Imoral, o Ético e o Não Ético, Abe passa da
teoria à práxis e coloca em movimento seu plano de assassinar um juiz (logo, um
juiz que deveria representar a Lei, a Ordem e a Justiça, mas representa o
oposto disso tudo). Essa decisão muda radicalmente a forma de Abe ver a
existência e a humanidade. Passa a ver sentido nas coisas mais banais da vida,
como um café da manhã. Claro que sendo um Woody Allen as coisas irão se
complicar e a trama desemboca num final surpreendente - que eu não vou revelar.
Roteiro contado, resta se deliciar com
os diálogos que saem da boca de Abe Lucas/Woody Allen, com seus trejeitos, suas
caras e mais com tudo aquilo que nunca falta num filme desse diretor:
interpretações teatrais, trilha composta por música clássica e jazz de primeira
qualidade, referências à psicologia/psicanálise/psiquiatria - questões
edipianas; tratamento farmacológico -, à literatura russa (o filme nos remete,
não por acaso, à "Crime e Castigo" de Dostoievski) e aquele humor
acre-doce "woodyalleano" que dá um tempero especial aos seus filmes.
Fora tudo isso, ainda temos a boa interpretação de Joaquin Phoenix - com uma
barriga típica de professor desleixado de meia idade - que fica citando (de
forma bem superficial, diga-se de passagem) Sartre, Heidegger, Hanna Arendt
para tentar explicar - e se convencer - o quanto o mal é uma parte intrínseca
da constituição do ser humano, desse Homem que procura a racionalidade como
antídoto aos seus "instintos mais primitivos", como diria... Roberto
Jefferson.
Sempre acho que estes acasos,
deslizes do cotidiano, remetem a algo em mim que tem a ver.
Até breve.
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