Penso que todo aquele que escreve
espera que, ao fazê-lo, arrebate milhões. Arrebatamento no sentido de
conversão.
Todo autor espera que o leitor após
lê-lo modifique radicalmente a sua forma de pensar, de agir, de ser.
Ingerido um texto, é da expectativa
do escritor, que a pessoa solte a franga, chute o balde, torne-se espírita,
budista, esquerda ou direitista, polissexuada, assexuada, dormente, eufórica,
ou coisas do gênero, ou nada disso.
Eu, no meu caso, não. Eu jamais
pensei que, com o meu tesão pelas letras, eu pudesse fazer alguém gozar com
elas.
Tem horas que nem mesmo eu atinjo o
clímax. O ponto “G” da palavra é mais múltiplo, insabido, estranho e
surpreendente do que o do Feminino.
Aliás, tai uma ideia.
Escrever, como atividade solitária,
mesmo que ainda dirigida ao outro, é masturbatória e, não diga que eu disse,
mas adolescente.
É como estou no banheiro pondo à
mostra fantasias mirabolantes que só são possíveis no claustro e proteção de
recinto fechado e que serve ao banho ou mesmo para expelir os inservíveis,
líquidos e sólidos.
Não fosse assim o escritor seria
tudo menos um animal que escreve.
Duvido que qualquer um que padece
do ofício discorde e, se discordar, é porque tem vergonha de dizer que pratica
o cinco contra um.
Correndo risco de arrebatar, digo
que a partir desta introdução (aqui meramente no plano intelectual) a cultura
não deriva de cópula, mas de ejaculação proliferante e milhardária.
Ai daquele que se permite prenhado
por algo que lhe infiltra pelos olhos que leem.
Porra, isto está ficando
contraditório.
Então peça alguém aí para explicar
o prazer...
Até breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário